sábado, 7 de outubro de 2017

Assessora municipal de SP ganha consultoria em edital público que ela mesma coordenou


Uma auditoria da Controladoria-Geral do Município (CGM) põe sob suspeita uma assessora especial da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) de São Paulo. Hoje no gabinete do secretário Filipe Sabará, na gestão passada ela foi contratada como consultora de um projeto da Prefeitura cuja concorrência esteve sob sua responsabilidade. A Smads se comprometeu a abrir uma apuração preliminar.
Erci Sales Dotta foi exonerada do cargo de coordenadora de projetos no dia 12 de janeiro de 2015 – e iniciou a prestação de serviços ao governo municipal logo no dia seguinte. Ela celebrou um contrato com o poder público no valor de R$ 90,7 mil. 
O caso foi identificado em uma auditoria da Controladoria de agosto, obtida pela reportagem do Estado. O processo se referia a um projeto de cooperação técnica entre a Smads e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com duração de 48 meses a partir de 2014 e custo de R$ 20,3 milhões. O objetivo era preparar a secretaria para consolidar o Sistema Único de Assistência Social no Município. Segundo publicação no Diário Oficial da Cidade, Erci voltou a exercer cargo público em junho deste ano, justamente na Smads.
Segundo a auditoria, a servidora atuou “diretamente” na organização do projeto e na elaboração do respectivo edital. “Tal fato caracteriza conflito de interesses na elaboração do termo de referência para a contratação de consultorias”, diz o texto do documento. A CGM apontou ainda que Erci conseguiu vencer o certame porque era a única entre os candidatos que tinha conhecimento do sistema da Organização das Nações Unidas (ONU), requisito exigido no edital que ela, enquanto ainda servidora, foi responsável pela elaboração. A exigência foi considerada “restritiva e desnecessária” pelos auditores. 
Nessa investigação, apontou-se ainda que, apesar de ela só ter saído do cargo público em 2015, a servidora fez entrevista para o processo em dezembro de 2014, “configurando afronta à legislação vigente”, que veda participação no certame licitatório de servidor ou dirigente de órgão. A auditoria aponta ainda falhas na gestão do projeto, com “possibilidade de prejuízos na sua eficiência e eficácia” e “excessiva dependências de consultorias na coordenação do projeto”. 
Apuração. Segundo os auditores, a Smads contratou consultorias para fazer atividades que deveriam ser executadas internamente pela pasta, como elaboração de rotinas e procedimentos necessários à execução do projeto. O órgão orienta que as denúncias sejam encaminhadas ao Tribunal de Contas (TCM), à Câmara Municipal e ao Ministério Público Estadual para definição de eventuais responsabilidades. 
Em resposta enviada pela secretaria à CGM, a assessora alega que “Termos de Referência que davam origem aos editais para contratação de serviços de consultoria de pessoa jurídica como pessoa física eram elaborados pelos coordenadores das áreas demandantes”. Ela só teria sido responsável pelo envio dos papéis.


Reportagem completa: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,assessora-municipal-de-sp-ganhou-concorrencia-que-coordenou,70002023566

Sob Doria, oito em nove ações de zeladoria pioram em SP; só 7% dos mutirões 'Cidade Linda' receberam doação

Oito de nove serviços de zeladoria - como reparos de calçadas, varrição de rua e limpeza de pichações - feitos pela Prefeitura de São Paulo tiveram queda entre janeiro e agosto, na comparação com o mesmo período em 2016. O pior desempenho foi na extensão de guias e sarjetas, com queda de 55,8% - foram 63,2 mil metros de ampliação em 2017, ante 143,1 mil no ano passado. A zeladoria é uma das principais bandeiras do prefeito João Doria (PSDB). 
(...) O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou, em coletiva de 29 de dezembro, antes da posse, que os mutirões do programa Cidade Linda teriam “custo zero” aos cofres municipais. A promessa era de que os agentes fariam trabalho em suas horas extras, com custo pago por concessionárias da cidade, em doação. “Todas elas são voluntárias na mão de obra, nos equipamentos e nos materiais necessários”, declarou Doria, na época.
Na prática, porém, na maioria dos mutirões - 36 dos 39 feitos até agora, ou 92,3% do total - são deslocados funcionários da própria Prefeitura e terceirizados em seus horários de trabalho comum, sem nenhum tipo de hora extra. Somente três ações do tipo - na Avenidas 9 de Julho e Paulista, na região central, e na 23 de Maio, na zona sul - receberam estes recursos. 

Reportagem completa: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,sob-doria-servicos-de-manutencao-de-ruas-e-calcadas-em-sp-tem-queda,70002026367

Fundação Casa bate recorde de reinternações em 2017

A adolescência de Bruno (nome fictício), de 14 anos, começou atrás das grades. Ele não tem ídolos, não assiste à TV e, das poucas vezes que foi à escola, na periferia de Atibaia, a 64 quilômetros da capital paulista, havia professor de menos e drogas demais, pelo que relata. Em fevereiro de 2016, foi internado na Fundação Casa pela primeira vez, por roubo com arma de brinquedo. Ficou 45 dias internado e saiu. Na rua, viu os colegas em ascensão no tráfico e foi apreendido novamente. Na segunda e na terceira vez, foi pego por tráfico de drogas, infração cometida por 40% dos internos. 
“Achava que teria uma vida boa. Mas até agora só o que eu consegui foi chegar a lugar nenhum”, conta o jovem, que neste ano cumpre a terceira internação. Os pais de Bruno também têm envolvimento com o tráfico e já foram presos. 
Casos semelhantes têm preocupado as autoridades. A proporção de reinternações no sistema socioeducativo paulista bateu recorde este ano e já atingiu o maior patamar desde 2007, primeiro ano que funcionou a Fundação Casa. A taxa se aproxima, ano a ano, ao que era o índice da antiga Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem). 

Reportagem completa: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,1-em-cada-5-internos-da-fundacao-casa-e-reincidente-n-e-recorde,70002028041