segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Anarquia



Essa imagem apocalíptica expressa bem como minha cabeça tem andado. Perto das eleições, diz a minha moral que devo escolher e estudar bem meus candidatos. Em um quarto semestre de jornalismo, a mesma moral diz que devo formar opinião sobre muitos assuntos. Religião, filosofia, sociologia, esporte (!!!), polêmicas em geral, escândalos e tudo mais o que surgir. É nessas horas, em que tudo cai de uma vez só, o fato de eu existir e como ser humano, raciocionar o mundo e a minha vida dentro dele, me faz querer ser qualquer outro animal com pouca massa encefálica. Por um momento parece que tomo alguns partidos, tenho algumas decisões. Mas logo surge uma nova notícia, e tudo vai por água abaixo. Será que realmente devo pensar assim? Meus princípios estão corretos?

O caos tomou conta. Parto dessa, e de mais algumas confissões para fazer uma possível reflexão. Quando eu começo a crer que vale mais a pena votar em um candidato a presidente e não em outro, descubro algo horrível em seu passado que me faz repensar, e opto por um terceiro candidato. Mais algumas semanas de pesquisa, e ele também não vale mais nada. Afinal, qual deles vale alguma coisa?

Outro dia reli meu post sobre o humor de "antigamente", e minhas críticas aos programas humorísticos atuais. Mas domingo, assisti ao Pânico na TV e chorei de rir com os quadros. E paro pra pensar: eles ofendem pessoas, humilham mulheres, esculacham deficientes e pessoas pobres. Mas eu, como milhões de outros brasileiros, ri! E qual é a proposta do programa? Fazer rir. Então será que eles estão tão errados assim? Devo me sentir mal por rir das piadas deles?

Tropa de Elite 2 tá vindo aí. No twitter, vi muita gente postar algo como "mais um filme pros cientistas sociais e cultzinhos de internet ficarem de mimimi". Com o primeiro filme, participei de uma série de discussões a respeito do tema, seja com amigos, seja nas redes sociais, ou mesmo na faculdade. Será que foi uma perda de tempo, e afinal de contas é só um filme de ação com bordões que o Brasil repetiu à exaustão?

Nas férias de julho, fui com uma amiga, Mariana, na Versace (Oscar Freire), e encontrei a mulher do Zezé de Camargo, uma mulher muito estranha. Fiquei um bom tempo discutindo com ela, com a vendedora e com a própria Mariana, porque eu achava ridícula a ideia de elas amarem roupas feitas com pele animal, e pagarem um absurdo por isso. Oras, as roupas que eu uso, mesmo que não tenham matado nenhum animal, foram fabricadas em países minúsculos em algum canto do mundo que eu não faço a menor ideia, e muito provavelmente por meio de mão de obra barata, às custas de alguém com menos sorte que eu. Então que diferença faz matar um bicho ou escravizar uns pobres por aí? E peraí, eu não dispenso um churrasco, eu SÓ como carne e odeio vegetal. Nunca parei pra pesquisar sobre essa questão de vegetarianismo, nem tive vontade. Jamais dispensaria meu almoço, por mais que provem de todas as formas que é possível viver de vegetais. A desgraça está em tudo quanto é lugar.

Devo comprar uma marca nacional para fortalecer nossa economia, ou uma marca internacional? De repente algum país realmente precisa exportar tal produto por ser a base da sua economia, e se não houver demanda, eles morrem de fome (hipóteses absurdas mas que fazem sentido).
Como disse uma amiga, uma vez: "se você parar pra pensar em tudo, nos mínimos detalhes, vai parar de viver". É refletir mais e criar mais problemas. É preciso se preocupar com todas as questões do mundo?
"Faça a sua parte", é o que dizem. E isso significa o quê? Postar foto de crianças raquíticas no orkut e dizer que se preocupa com os pobres? Abraçamos tantas questões que nem sabemos mais exatamente de que se tratam.

O BANHO DEMORADO! Será possível que até mesmo em um momento tão simples e relaxante, como o banho, eu sou obrigado a pensar que se passar de 10 minutos ali, estarei colaborando para a futura escassez de água no planeta? E a amazônia? E os direitos dos índios? E a luta pela igualdade dos sexos? E a pena de morte? E a a pobreza? E a fome? E a criminalidade? E a obrigatoriedade do diploma de jornalismo? E o petróleo? E os bichinhos morrendo por derramamento de óleo? E os Galvão Birds? E os...

AAAAAH!

Pensar faz mal às vezes.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Advogado do diabo

Tenho pensado em adolescência. Em manias, modas, pra ser mais específico. Dessas que pegam o menino que acabou de sair da quarta série e começou a olhar diferente pra menina da carteira ao lado e a menina que acabou de menstruar pela primeira vez. Mas além desses, um público jovem em geral. Crepúsculo, Restart, Malhação, enfim, esses assuntos que ninguém mais aguenta ver na mídia.

Nos últimos meses (ou anos, não sei quão desatualizado eu estou, haha), têm surgido na internet brasileira os chamados "vlogs", já famosos no exterior: videoclips semelhantes a um blog, e neles, novas "figuras": PC Siqueira, Felipe Neto, o personagem indignado, e tantos outros...Não vou me detalhar pois pouco sei do assunto, conheci mais os vídeos desses dois mesmo. Em especial o caso de Felipe Neto, este fala sobre assuntos que realmente estão na mente adolescente da nossa geração, seja no Brasil, seja no mundo, e obteve o reconhecimento rapidamente após tal investida. As pessoas se mataram de criticar ou elogiar, mas qualquer um que frequente as redes sociais sabe da existência do cara, e de alguma forma pensou a respeito dos assuntos. Comigo não foi diferente.

Mas não falarei dele, e sim das pessoas por trás dele (sem segundas intenções auhauha), ou melhor, dos "fãs" dessa nova fase da comunicação de massa: os críticos da comunicação de massa. O que tenho visto, em potencial, são pessoas descendo a lenha nas bandas "coloridas", nos "livros de menininha", nos colírios da capricho e sei lá mais o quê. E qual a idade dessas pessoas? Ao menos a maioria que eu vi, mais de 18. Alguns já na faculdade, outros fazendo cursinho...Mas num sentido geral, pessoas que já estão saindo da adolescência.
Você tem algum amigo de 25 anos que vai ao show das bandas coloridas? Alguma amiga que liga do trabalho pra outra amiga pra comentar do último episódio do vida de garoto? (lembrando que o nome do programa é DE GAROTO e não vida DE ADULTO...Concordo plenamente que é uma porcaria, maaaaaaas, todos sabemos o público ao qual ele é destinado) A não ser que você tenha amiguinhos meio atrasados, se é que me entende, provavelmente não.
E qual o sentido de tudo isso, então? Não me parece muito inteligente criticar um produto feito para adolescentes (e pré-adolescentes) que brigam com espinhas e têm muitos sonhos com o vampiro que brilha. São produtos de massa? São. Do ponto de vista de alguém mais velho, são idiotas? São. Mas NÃO SÃO para um público mais velho! Se você é mais velho, sabe que é ruim mas curte mesmo assim, não faz mal. Afinal, todos curtimos alguma porcaria. Eu adoro seriados, largo os estudos muitas vezes para assistí-los. E os revejo. Nem tudo na vida é estudo e seriedade.

Mas o ponto é que as pessoas estão criticando algo que já fez parte da vida delas. As gerações mudam. Se hoje eles gostam disso aí que tá rolando, seja a calça laranja, seja o filho do cantor famoso que tá na novela, com certeza no passado os que criticam hoje já gostaram de alguma porcaria também. Só porque é diferente, não significa que não fosse. Quem aí não assistia pokemon na record? Quer coisa mais ridícula do que um monte de bichinho que se mata sem motivo nenhum? Ou Yu-gi-oh, ou Power Rangers...Que atire a primeira pedra a menina que nunca comprou uma capricho na vida ou nunca sonhou com o tal do Felipe Dylon (me desculpem se eu fizer citações toscas, mas não conheço muito disso auhauha). Só que essas meninas cresceram, hoje se acham maduras, e julgam as que gostam dos ídolos de hoje. São apenas gerações, mas não deixa de ser a mesma história, contada por outras pessoas, sob novas perspectivas. Se é pra xingar música ruim, xinguem funk, pagode (e que me perdoem os pagodeiros haha), axé...Porque esse não é destinado ao público juvenil..É para o público adulto mesmo, e muita gente gosta. As pessoas amadurecem em fases diferentes. Não é nem um pouco sensato desrespeitar o tempo do outro com isso.

Se essa geração da crítica vai fazer as pessoas abrirem seus olhos e crescerem, eu não sei, mas até agora a única coisa que eu vi foi uma briga sem fim, nem vencedores pra nenhum dos lados.