sábado, 9 de janeiro de 2010

O riso em duas cores

Este é um texto que escrevi no começo de 2008. Ele foi feito para outro blog, o "morfogênese", mas o site acabou não dando certo. E para não perdê-lo...


O riso em duas cores

Depois de assistir o último Todo Mundo em Pânico, tive uma decepção muito grande. Do primeiro filme(que apesar de non-sense era engraçado), o título vem piorando cada vez mais. Piadas repetidas, humor de qualidade duvidosa, cenas sem a menor graça, resta mesmo rir das famosas paródias. Parece que conseguiram aglomerar uma porção de cena de outros filmes que não deram certo, e juntaram neste aqui.

Mas a postagem não é sobre filmes atuais, muito menos dessa década.

Ao pesquisar no acervo do blog Cinemacultura, decidi conhecer um pouco de Charlie Chaplin, um diretor/ator que muitos falam, mas poucos conhecem de verdade. Sempre me perguntei como é que alguém conseguia fazer um filme, que além de não ter cores, era mudo. Talvez funcionasse para os mais parados, eu imaginava. E que engano!

E já era de se esperar que eu começasse pelo mais famoso, pelo mais cobiçado e comentado MODERN TIMES(Tempos Modernos). Contemporâneo, Chaplie esteve a frente de todos os homens à sua época, quem dirá os de hoje. Nesta obra, definiu padrões que seriam “imitados” no cinema até a atualidade, desde ângulos de câmera até o formato de sua comédia crítica. E é aí que focalizo este post. O que programas e filmes do nosso tempo tentam com todo o apelo e humilhação possíveis, o branco e preto conseguiu fazer melhor. E não estou querendo soar conservador, antiquado, pseudo-intelectual ou qualquer coisa do gênero. Pelo contrário, de todos os filmes dessa época que assisti, esse foi um dos únicos que consegui acompanhar até o fim sem dormir. Pra que vulgarizar mulheres? Expor os pobres, os ignorantes, e até mesmo “brincar” com o racismo? Nunca fui desses que enxerga racismo em tudo, mas qualquer um sabe que o gênero da comédia é amplamente explorado em suas piores vertentes, hoje em dia, o conhecido “Humor negro”, deixando a faceta mais inocente em segundo plano, esta considerada “ultrapassada e sem graça”, para muitos. Pois desafio a todos: assistam meia hora de TEMPOS MODERNOS sem rir. Não é simplesmente o riso por si só que se encontra ali, mas toda a crítica a que se submete o contexto.

O tema

Assisti outro filme que aborda mais ou menos o mesmo tema, e que achei um saco, apesar de ser bem visto pela crítica em geral: Metropolis(Fritz Lang, 1927). O árduo trabalho do homem, que é exposto a uma vida “secundária”, em prol de uma minoria privilegiada. Não pretendo vincular meu post à nenhuma crítica social, e sim me manter no assunto COMÉDIA. Só citei a relação pra compararem as coisas.

Evolução ou involução?

Essa mudança de hábito talvez(?) tenha alguma relação com o nosso mundo de hoje, que obviamente mudou muito desde 1936. Outra mentalidade, outros padrões, outra história. Mas será mesmo que mudamos tanto assim? Será que esse filme, que é tão usado em discussões acadêmicas e no meio intelectual, está ultrapassado? Nao quero parecer trágico nem exagerado, mas o sucesso adquirido com as porcarias das quais rimos nos dias de hoje só me faz pensar que o ser humano está cada vez menor. E quanto.