sábado, 22 de dezembro de 2012

Impunidade e vingança

O que entendemos por justiça?

Se existe um valor que praticamente qualquer ser humano entende como fundamental, mesmo através dos séculos, este é o senso de justiça. Embora ele tenha sofrido drásticas alterações morais e atravesse as sociedades de maneiras divergentes, passando da lei de Talião (que, de certa forma, ainda é praticada em países como o Irã) até os moldes que conhecemos hoje,  a lógica persiste no princípio da igualdade (que em muitos casos, é desigual). A forma como essa equiparação foi praticada é que fez com que diferentes estruturas sociais se formassem ao longo da história.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

sábado, 1 de dezembro de 2012

Artigo: Medidas pontuais

Este artigo foi escrito para a estreia do jornal Gazeta de Votorantim, no dia 28 de janeiro de 2013.




Com o retorno dos alunos às escolas após o recesso escolar e a busca dos pais pelo material dos filhos nos últimos dias de janeiro, é natural que a movimentação de carros pela a cidade tenha um fluxo mais elevado a partir da última semana do mês. Este momento requer maiores cuidados e conscientização da população, pois já é notável o aumento de veículos circulando pela cidade em relação aos anos anteriores.


Foto: Uol Economia

A Secretaria Comunitária de Segurança, Trânsito e Transportes de Votorantim (Sesec) aponta que, para os 107 mil habitantes da cidade, há 53 mil automóveis, média de um a cada dois habitantes. Crescimento expressivo, se comparado a 2010, quando a cidade contava com 44 mil veículos. A situação é complicada, ainda que contornável se comparada à vizinha Sorocaba, por exemplo, que mantém dois ocupantes a cada três veículos. Tal fato tem relação direta com o anúncio feito em dezembro pelo ministro da fazenda, Guido Mantega, da prorrogação do imposto sobre produto industrializado menor (IPI) para carros por mais seis meses. O objetivo principal é o aquecimento da economia, que ainda pode sofrer com os movimentos da crise mundial.

Uma medida que deveria ser tomada com mais cautela, sob o olhar de políticas sustentáveis baseadas na situação de cada cidade. Basta lembrar os episódios da greve dos metroviários ocorrida no ano passado, que instaurou o caos na cidade de São Paulo e expôs as falhas de um sistemas urbano complexo. E apesar de nossa região não contar com metrôs ou trens, basta uma chuva ou algum problema pontual de trânsito para que se formem filas de congestionamento.

A saída possível, dentre outras medidas, é promover melhorias (na forma de investimentos) que façam o uso do transporte público mais atraente que o carro. Vale lembrar que uma das promessas de campanha do prefeito eleito, Erinaldo Alves da Silva (PSDB), é a de reavaliar as linhas já existentes e, se necessário, criar outras para atender aos bairros mais distantes. Em relação à movimentação dos automóveis, Erinaldo ainda enfatiza que com a eleição do prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) em Sorocaba, seria mais fácil solicitar ao Estado a construção de um anel viário que vai ligar a rodovia Raposo Tavares ao trevo de acesso a Piedade e Salto de Pirapora.

É preciso pensar o aumento de fluxo dos carros juntamente com a mobilidade urbana e o trânsito de Votorantim. Embora distante da situação caótica das grandes cidades, manter a movimentação sob controle é importante para que, em momentos do ano com esta circulação mais intensa, como agora,  o cidadão possa sair livremente para fazer suas compras sem maiores problemas.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os pianos e as pessoas

Pode um objeto ser mais vivo que uma pessoa?

Gosto mais de pianos que de pessoas. Não é misantropia. É conceitual. Sempre esteve comigo e nunca sequer notei. Distraio-me facilmente em lugares onde um piano descansa, aguardando por alguém para tocá-lo. Seja o piano que serve como estante de livros e quinquilharias, seja um instrumento desafinado e abandonado em uma antiga estação de trem. Adianto que não me sinto anormal: defina-me anormalidade. Afinal, afeiçoar-se a um objeto sem vida poderia ser explicado como uma forma de compensar tudo aquilo que não se conquistou em meio às relações humanas.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Da moral e da prática

Sobre os preconceitos que ainda não superamos


obs.: este texto foi atualizado e publicado na revista "Shopping Granja Olga". O tema é o mesmo, apenas mudei a forma de escrever, na edição publicada, eximindo meus relatos pessoais aqui contidos 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Artigo/release: Cinco paradas obrigatórias para 2013

Texto para o site E-Dublin


O site Lonely Planet elegeu os Top 5 destinos para uma visita. Dois deles, na Europa: Amsterdam e a cidade de Derry, na Irlanda do Norte.Se você ainda não sabe onde passará as suas férias, a listinha logo abaixo  é um bom começo para se programar!




Derry!!! Foto reprodução Derryvisitor.com

Amsterdam

A capital dos Países Baixos é parada obrigatória a qualquer um que se aventure em viagens pela Europa. Não faltam pontos turísticos de interesse: o famoso Mercado de Flores (Hortus Botanicus), o museu de arte moderna Stedelijk Museum, a casa de Anne Frank e o Museu Van Gogh (com o maior número de obras do artista que dá nome ao local no mundo) são apenas alguns exemplos. Para  o site Viajeaqui, da editora Abril, a tolerância a temas como a religião, drogas, sexo e liberdades individuais, além do clima festeiro, é marca registrada e um dos fatores que atrai mais visitantes para a região. Em 2013, Amsterdam celebra diversas datas importantes, como os 400 anos de seus famosos canais e 160 anos do nascimento de Van Gogh.

O clima do local é moderado e úmido, com invernos frios, mas que não chegam ao extremo como em outras regiões europeias. Em alguns dias do ano, costuma nevar. Os verões têm temperatura em torno de 25º, também não muito quentes.

A gastronomia holandesa, como aponta o blogueiro Daniel Duclos, é um destaque à parte: Stamppot (batata cozida e amassada com algum vegetal, geralmente acompanha carne), perpernoten (biscoitinhos de especiarias) e poffertjes (panquecas típicas da região).

Pequim (Běijīng)

Conhecida por abrigar a “cidade proibida”, antigo palácio imperial chinês e por sediar os jogos olímpicos em 2008, Pequim continua apaixonante. Não se preocupe com o idioma, pois boa parte dos comerciantes e a população em geral têm conhecimentos do inglês.


Conheça a Muralha da China: como diz um antigo ditado chinês: “um homem só se torna homem quando caminha pela Muralha”. Vai desperdiçar a oportunidade?  Há diversas formas de se chegar lá e o site Precisoviajar  dá estas dicas. O Templo do Paraíso, local onde os imperadores se fixavam durante o Solstício de Inverno, é de uma vista vislumbrante. É composto Três ordens de telhados esmaltados, com uma base em mármore. Em seu interior, um parque de monumentos erguidos no século XV. A própria Cidade Proibida, situação no coração de Pequim, é um dos pontos que costuma atrair mais turistas. O palácio e suas dependências são muito bem conservados e estão abertos para visitação desde 1950.
De clima continental, espere por um tempo seco, embora no verão possa chover bastante. Invernos muito frios (abaixo de 0º) e verões que podem ficar acima de 30º (nada que nós brasileiros já não estejamos acostumados). O site viajarpelomundo  traz maiores detalhes sobre os locais a se visitar na capital chinesa.

Londonderry (ou apenas Derry)
E-Dublin já fez um texto sobre Derry , com relatos de um viajante contando suas impressões sobre a cidade. Classificada como a “cidade da cultura de 2013” no Reino Unido, Derry conta com um histórico que atrai qualquer um a visitar e conhecer sua cultura. Em 2013, abrigará grandes festivais irlandeses, da música ao cinema, para todos os gostos.  E a programação já começou… para se programar acesse

Montreal

A segunda cidade mais populosa do Canadá (cerca de 1,6 milhões de habitantes) é conhecida por seus contrastes culturais entre a Europa e o “Novo Mundo”. Para se ter uma ideia, lá se fala tanto inglês quanto francês (embora, de acordo com um censo realizado em 2006, mais da metade da população comunica-se em inglês, inclusive os comerciantes). Alguns consideram que a predominância cultural seja francesa, com letreiros e avisos escritos no idioma, inclusive em situações em que nem a própria França utiliza mais, como em placas de trânsito. Os trabalhos nas escolas são apresentados todos em francês, mesmo que algumas aulas possam ser em inglês.

Montreal é ótima para caminhar, por causa do relevo plano. As galerias subterrâneas são outro destaque – há uma espécie de “cidade” subterrânea por lá: mais de 30 quilômetros de túneis que interligam os pisos subterrâneos de shopping centers e edifícios comerciais. O metrô, conhecido por sua eficiência e facilidades, é a melhor forma para se chegar aos pontos mais interessantes da cidade, como o Parque Olímpico e a Ilha de Santa Helena.
É possível aproveitar uma agitada vida noturna nos bares das ruas Maisonneuve e Crescent e da rue St.-Denis. Para quem aprecia a arte, o Museu de Belas Artes e o Museu de Arte Contemporânea são obrigatórios.
O clima do local é variável. A instabilidade do tempo é considerada característica pelos habitantes da cidade, portanto esteja preparado para as mais diversas situações.

São Francisco

Detentora de uma vida tranquila e ao mesmo tempo cheia de afazeres, São Francisco é destaque por sua música, arquitetura, gastronomia, passeios e boas compras. Atividades culturais são promovidas durante todo o ano e os turistas podem acompanhar as temporadas de balé, óperas, o famoso festival de Jazz de São Francisco, maratonas e até mesmo a parada de orgulho gay, uma das mais conhecidas no mundo.

Economize: este é um dos destinos mais caros nos Estados Unidos, com um custo de vida elevado. Regiões como a Union Square e Chinatown são centros de compra obrigatórios, acrescentando mais gastos ao seu bolso. Quase 8 bilhões de dólares foram deixados na cidade em 2010 por estrangeiros, de acordo com dados do San Francisco Convention & Visitors Center Bureau.

Foto reproducao: derry.visitor.com

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Artigo/release: High School, voluntariado, trabalho com estudos? Você já decidiu que tipo de intercâmbio fazer?

Texto para o site E-Dublin


Você finalmente decidiu fazer um intercâmbio e se aventurar por um país com uma cultura bem diferente da sua. Porém, ao pesquisar, descobriu que são inúmeras as opções oferecidas no mercado e não sabe exatamente qual delas escolher. Quais são as suas necessidades? O que você busca com este investimento? Você já atende aos requisitos para realizar o tipo de programa que deseja? E-Dublin fornece aqui um rápido resumo dos principais programas e onde realizá-los.



Línguas


O conhecido desejo de falar um segundo idioma, aliado à experiência de se conviver e dialogar com os nativos do país escolhido. Com esta premissa, o intercâmbio de línguas tem atraído milhares de brasileiros para países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, África do Sul, Espanha, Irlanda, entre outros. A duração dos cursos é variável e nas agências de intercâmbio é possível encontrar desde opções de três semanas, para aperfeiçoamento, até cursos de seis meses (que podem se estender de acordo com as necessidades de quem adquirir o pacote), além de preparatórios para exames de proficiência.

Principais destinos: Estados Unidos, Alemanha, Irlanda, Canadá, Austrália, Malta, Inglaterra
Duração: de acordo com a necessidade de quem viaja. Cursos rápidos de uma semana ou até mesmo de um ano.

High School



Fonte: Classroom20.com
High School

A busca por um cotidiano em meio a uma nova cultura, buscando adquirir novas experiências, é um dos objetivos do intercâmbio High School, para jovens que desejam cursar o ensino médio em outro país. É ideal para aqueles que já tem algum conhecimento do idioma e desejam se aperfeiçoar no convívio diário. É importante destacar que este programa é reconhecido pelo Ministério da Educação (Mec) e tem validade no Brasil. Quando se fala em educação, o Canadá é um dos países mais respeitados, sendo conhecido por sua rigidez e seriedade.

Principais destinos: Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia

Duração: Varia com o país escolhido. As agências costumam fechar pacotes semestrais ou anuais.

Study and Travel


Como o próprio nome já sugere, o programa Study and Travel permite ao intercambista, por meio de um curso dinâmico e interativo, participar mais da cultura local do país que está visitando, tendo menos horas semanais dentro da escola e mais tempo para visitar pontos turísticos e conhecer melhor o país que visita.

Principais destinos: Estados Unidos, Canadá, Irlanda, França, Inglaterra, Alemanhã

Duração: variável. Na Irlanda, uma opção bem comum é a de um ano, com seis meses de curso do idioma e seis meses livres.

Work and Study


Work and Study é opção focada no mercado de trabalho, oferecendo, além da experiência profissional em outro país (que mais tarde pode ser decisiva na conquista de um emprego no Brasil), o contato constante com o idioma escolhido. os trabalhos podem ser remunerados ou não, dependendo do país e do enfoque. Turismo e hospitalidade são os mais oferecidos. Existe também o conhecido programa de “Au Pair”, exclusivo para mulheres, em que o intercambista fica hospedado em casa de família e trabalha como babá do(s) filho(s), recebendo remuneração e cursando o idioma em alguma instituição local.

Principais destinos: Irlanda, Canadá, Africa do Sul, Austrália, Nova Zelândia

Duração: aproximadamente um ano


College (Faculdade)


Cursar o ensino superior em outro país pode abrir muitas portas em sua carreira. São muitas as opções e existem diversas formas e preços para se conseguir, inclusive por programas do governo federal, como o “Ciência sem Fronteiras”. É necessário ficar atento ao processo de cada país. Os Estados Unidos, por exemplo, realizam o processo de admissão nas universidades com um ano de antecedência, além de exigir o TOEFL (exame de proficiência). A França também exige exame de proficiência e os cursos iniciam-se em setembro. Outro aspecto a ser analisado é o curso de vida em cada país.

Destinos e valores são variados. Cada área do conhecimento tem cursos com diferentes durações e cada país tem especialidades diferentes. A Suíça, por exemplo, é forte nos ramos de Gastronomia e Hotelaria.

MBA


Adquirir um MBA (Master in Business Administration) é um dos maiores passos a ser dado após a conclusão do ensino superior, destacando – e muito – o profissional em seu ramo de trabalho. O valor destes cursos no exterior costuma ser mais elevado que qualquer outro curso. Um ano de MBA em Harvard, por exemplo, pode chegar a custar 87 mil dólares (incluindo custos de vida). Nestes cursos, é possível ter contato direto com grandes empresas e é ali que as oportunidades podem surgir, já que elas buscam exatamente este tipo de profissional qualificado, para trabalhar nas mais diversas áreas.

Destino e durações variados.

Trabalho


Os intercâmbios para trabalhar são uma opção viável a quem deseja ter mais aproximação com a cultura de outros países e ainda garantir uma renda para manter as despesas com moradia, alimentação, entre outros. Muitos brasileiros optam por este tipo de intercâmbio por lhes garantir maiores oportunidades no futuro, graças à experiência multicultural proporcionada. Ter algum conhecimento do idioma é um diferencial para melhores salários e para conseguir o emprego mais rápido. A Irlanda e Estados Unidos tem se destacado neste tipo de programa.

Principais destinos: Estados Unidos, Irlanda, África do Sul, Austrália

Duração: variável


Voluntariado

Sim, trabalhar de graca, mas voltar com uma bagagem rica culturalmente, social e de quebra com o ingles melhor. Essa e a proposta de quem geralmente dispoe de pouco tempo na agenda para investir num intercambio e usa  as ferias, ou ate uma licensa premio para investir no ingles! O trabalho voluntario se popularizou nos ultimos dez anos e tem conquistado principalmente aqueles que desejam dispor de algum tempo em prol do proximo.

Os programas mais tradicionais acontecem na Africa, porem atualmente organizações como Wooff, Couchsurfing e ONG’s oferecem programas em diferentes partes do mundo!






Fotos Reprodução

Veja tudo na série Destinos de Intercâmbio! e tome a melhor decisão para o sua viagem.



domingo, 7 de outubro de 2012

Uma marca que marca


Fiz uma tatuagem. Se você é meu amigo no Facebook, já deve até estar de saco cheio, pois já escrevi muitas coisas sobre ela e postei diversas fotos.  Estou me divertindo com a situação. Se o verbo em primeira pessoa que introduz este parágrafo não for suficiente, gostaria de acrescentar em uma frase toda que este texto é pessoal. Muito pessoal. Ao mesmo tempo, sinto vontade de compartilhar a ideia, então aí vai.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Com a palavra, Seu Toninho

O voto é mesmo consciente?

Seu Toninho acomodava-se sentado sobre a guia da calçada, próximo a um ponto de ônibus. Conversava em um tom de voz relativamente baixo com outro homem, - este parecia bem mais jovem - mas suficiente para ser ouvido por quem também ali se aconchegou para aguardar o transporte. O assunto que lhes tomava a atenção era o mesmo que invade a casa de todas as famílias brasileiras, de quatro em quatro anos: as eleições municipais. O local do diálogo influenciou que tópico seria discutido por eles, da maneira mais informal que se possa imaginar: a qualidade do transporte público da cidade. Seu Toninho – só pude saber seu apelido, pois o interlocutor deste senhor não se cansava de repeti-lo – dizia que há muito, em Sorocaba, se reclama de atrasos e problemas com algumas linhas específicas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Artigo/release: Seguro Governamental, assistência viagem, seguro privado? Qual a diferença?

Texto para o site E-Dublin



Reproducao:FilipinoBook.com

Independentemente do tipo de sua viagem internacional, seja ela para estudos, passeios ou trabalho, uma coisa é certa: você precisará providenciar um seguro viagem. Mas é esse mesmo o nome? Assistência viagem, seguro viagem e agora, o Seguro Governamental.  Não dá para simplificar? Pois é, por isso que estamos aqui, para mostrar as diferenças entre um e outro.

Seguro ou assistência viagem


Vamos entender. Você vai viajar, pagou a passagem, trocou a moeda, pegou a máquina fotográfica e pé na estrada é isso? Não! O seguro saúde, ou assistência não só é necessário, como obrigatório na maioria dos países no exterior. Vai que aconteca algo, um mau estar inesperado, acidente, ou até mesmo uma mala extraviada.

Esses são apenas alguns dos serviços coberto por esse tipo de viagem. Claro, assim como os outros, depende do tipo de cobertura você contratar, do destino e da duração. Umas com mais abrangências, outras com menos. Mas no fim da estória qualquer que você adquirir te fará viajar  com muito mais tranquilidade! Um que ficou bastante popular entre estudantes foi o da GTA, mas ele não é o único. Consulte agências de viagens para adquirir o seu.



O GTA Bronze ficou bem popular entre os estudantes, ja que tem a cobertura exigida pela imigracao. Foto reproducao

Seguro Governamental. (No caso da Irlanda)


Que você precisa de uma assistência saude já sabemos, no entanto, para intercambistas que escolhem a Irlanda como destino, ainda tem um porém. Pois é, o tal do seguro governamental, que desde as mudancas no visto de estudante de 2011, passou a ser requisito obrigatório. Ele custa em torno de 120 a 150 euros e pode ser adquirido na escola de línguas onde você irá estudar, ou ainda, na agência contratada.

O seguro governamental é  bem limitado, cobre apenas os casos mais graves, como perda de membros ou morte. Ele pode cobrir também outros casos, mas há cobrança da mesma forma (o seguro só encaminha o paciente ao atendimento desejado), o que acaba aumentando a despesa final. Independente de qual seja o motivo da solicitação, a primeira consulta custará 100 euros. Vale destacar que sua abrangência limita-se a Irlanda.

Seguro Privado

Já o seguro privado  funci
ona como uma espécie de convênio médico. Este seguro garante consultas a domicílio, exames, assistência médica, internação, etc. Há diversos tipos de seguros privados, com preços variados. Mas vale um adeno. Para valer como seguro no processo de visto para estudante na Irlanda, o seguro adquirido precisar ser irlandês, ou melhor, ter empresa estabelecida em solo verde. Quer alguns exemplos?

 Laya Healthcare – Holiday 
Preço Médio: €691.93

 

 VHI Health Insurance – First Plan Level 2
Preço médio: €751.98


* Espaço Schengen. Os cidadãos brasileiros não necessitam de visto para entrar em qualquer um dos Países da Europa, integrantes do espaço Schengen, quando estiverem se deslocando a turismo e por no máximo 90 dias. Mas devem portar obrigatoriamente um Seguro Viagem com cobertura mínima de € 30.000,00.


Leia mais: http://www.e-dublin.com.br/seguro-governamental-assistencia-viagem-seguro-privado-qual-a-diferenca/#ixzz2KA5LVTJG
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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Matéria: "Sujou o tênis? Eu lavo. Deixou bagunça? Eu arrumo"

Esta matéria recebeu o primeiro lugar no prêmio Asi/Schaeffler, categoria estudante, no ano de 2012.


'Sujou o tênis, eu lavo. Deixou bagunça? Eu arrumo'

A história de Adriana, que adotou cinco crianças de uma só vez
Notícia publicada na edição de 22/06/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno Ela - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Luiz Fernando Toledo
luiz.toledo@jcruzeiro.com.br


A voz pausada e rouca de Adriana soou por mais de uma hora. Confiante, e acima de tudo, entonada com orgulho pela história que contava. De sua casa, um espaço humilde situado em um morro de difícil acesso na Vila Astúrias, após uma longa escadaria que parte do bairro de Brigadeiro Tobias, ouviam-se palavras simples, mas irretocáveis, da mulher que tomou uma imensa responsabilidade para si, há um ano: assumir a guarda de cinco crianças que foram separadas da mãe, presa em 2011. 

Foi tudo muito rápido e os fatos passaram por Adriana sem que ela nem tivesse muito tempo para refletir. Viviane, mãe biológica de cinco filhos: Diego (15 anos), Eduardo (13), Talita (9), Leonardo (7) e Thainara (2), e vizinha de Adriana, envolveu-se com um presidiário durante alguns meses. Fora apresentada ao homem por intermédio de uma colega. Para agradá-lo, tentou levar drogas para ele, tentando escondê-las nas vestes em uma visita, e acabou flagrada pelas autoridades. Não deu tempo nem de se despedir dos filhos, que só ficaram sabendo da noticia pela própria Adriana. "Eu recebi uma ligação, e fiquei chocada. Logo fui avisar o Diego, que é o mais velho entre os cinco filhos dela", contou. A prisão ocorreu em um sábado, e por duas noites os cinco dormiram sem ninguém para acompanhá-los. 

"Apesar de gostar de todos eles e termos uma convivência no dia a dia, eu não queria me envolver, no começo", relata Adriana. Mas partia-lhe o coração vê-los "jogados", sem nenhum cuidado. Mãe de um rapaz de 18 anos, Maurício, sentiu que os instintos maternos lhe apertavam a consciência. Enquanto pintava as massas de biscuit que produz para vender, em frente à sua casa, ela observou Diego e Eduardo sem rumo, andando pelo morro, e logo fez uma oferta: "por que vocês não vêm tomar café comigo?". Sem pestanejar, os meninos logo foram. 

Preocupada em deixá-los sozinhos, Adriana ligou para seu marido Eliel, que trabalha como mecânico, e estava na oficina no momento. "Não posso permitir que eles fiquem lá, Eliel. Vou trazê-los pra casa", afirmou ao cônjuge, que logo concordou, sem apresentar barreiras. O Conselho Tutelar alertou Adriana que só poderia cuidar deles se fosse em sua própria casa. "Fiquei um pouco assustada no começo, mas costumo dizer que me sinto privilegiada por poder ajudá-los", afirmou a mulher. 

Um oficial da justiça visitou o casal, e disse que em breve viria buscar as crianças, para que o juiz decidisse para onde elas iriam. Eduardo não conseguia parar de chorar com a notícia. Já Diego cogitava fugir, mas sabia que não daria certo. Adriana desesperou-se: "o morro sem essas crianças vai ser um deserto pra mim. Eles não podem ir, vão acabar separando os irmãos". A decisão do juiz amenizou o quadro: baseou-se no vínculo que a família já havia criado com os cinco irmãos: Adriana obteve a guarda provisória das crianças, e alguns meses depois, veio a definitiva. 

De tão extasiado, o casal quase não se preocupava com a complexidade de sustentar a nova família, que agora era composta por oito pessoas. Buscaram se virar como podiam. Nas primeiras semanas, o irmão de Adriana, Reinaldo, emprestou dois colchões que possuía. Não era suficiente para abrigar todos, mas não se importaram: dormiam todos na cozinha. Dois irmãos chegavam a dividir um colchão de solteiro.
O filho de Adriana, Maurício, apoiou a família em tudo, desde o início, até mesmo com as cestas básicas que recebia em seu serviço. "E quando me perguntam quem são esses moleques, eu digo com orgulho: são meus irmãos". Maurício e os irmãos sempre foram muito apegados, mesmo antes de morarem juntos. As duas famílias, como um todo, se viam com frequência, e como eles não tinham um pai, costumavam trazer presentes para Eliel no dia dos pais. Mal sabiam que viveriam juntos, em tão pouco tempo. 

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Adriana se sustenta produzindo e vendendo miniaturas em biscuit (Foto: Aldo V. Silva)


"Vamos levar todo mundo pra comer na festa junina?" 
Adriana conta que a vida dos cinco irmãos melhorou significativamente, em alguns pontos. Mesmo vivendo às custas de doações, ajuda do Bolsa Família, cesta básica do filho de Adriana e de conhecidos, a rotina dos irmãos parece ter mudado bastante em relação a que tinham. Ela admite que o amor de mãe possa fazer muita falta aos meninos, mas percebe, pelo que eles mesmos costumam dizer, que tudo melhorou, num sentido geral. 

Certa vez, Diego comentou: "Dri, agora que a gente é rico, poderemos levar todo mundo pra comer na festa junina", referindo-se à festa sediada pela pastoral do bairro. Foi a frase mais repercutida entre eles durante semanas, em tom de piada. A ironia nunca fez um sentido tão agradável quanto na frase do jovem. Para Diego, antes seria impossível a façanha de comer qualquer coisa na festa junina. Ele ia com os irmãos apenas para ficar observando os outros comerem, e sonhar com o dia em que teria essa oportunidade. 


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(foto: Aldo V. Silva)


"Eu só quero ajudar. Mas sei que o amor de mãe prevalecerá no final. E se eles quiserem voltar, eu não direi que não"Não bastassem os cinco filhos que acolheu, Adriana ainda fez questão de trazer os três cães que Viviane tomava conta. "Estrelinha", o xodó das duas famílias, era sempre mencionada nas cartas que a mãe das crianças enviava da prisão: "Vocês estão cuidando bem da minha estrelinha?", indagava. O único contato dela com os filhos acontece por meio de textos, já que o contato pessoal é improvável: está em uma cadeia localizada a mais de 140 quilômetros de distância. Com a distância, a identidade familiar com a mãe se enfraqueceu. Sentiriam falta da mãe? Os meninos preferiram não comentar muito a respeito, mas seus olhares e expressões entregavam um sentimento latente, que se desfez em uma ligeira frase de Diego: "acho que sim, mas depois do que ela nos fez, é difícil dizer".

Mas seriam capazes de perdoá-la? Antes mesmo que pudessem se manifestar, o marido de Adriana comentou: "É claro que sim. A mãe dessas crianças também é um ser humano, e pode errar como qualquer um." E a esposa reforçou: "eu só quero ajudar. Mas sei que o amor de mãe prevalecerá no final. E se eles quiserem voltar, eu não direi que não", comentou baixando a voz. O consentimento dos irmãos às afirmações de Adriana e Eliel ocorreu pelo olhar e um breve aceno com a cabeça, mas não puderam verbalizá-lo pela emoção que o assunto parecia lhes causar.

De uma forma ou de outra, a segunda mãe dos irmãos não esconde o medo de perdê-los. "Quando vejo estas crianças quietas, no quartinho, comendo pipoca e assistindo televisão todas juntas, eu simplesmente começo a chorar. Eu tive que fazer o que fiz. Jamais aceitaria vê-las separadas. Somos muito apegados agora", contou. O desfecho dessa história não seria assim tão simples. A pequena Thainara, que completará três anos em junho, interrompeu a conversa com a reportagem insistindo com Adriana: "mãe, quero tetê", apontando para a mamadeira. Nem Dri, nem Adriana. Mãe.



Uma oportunidade para recomeçar

Viviane e seus filhos já foram notícia nas páginas do Cruzeiro do Sul. Em 13 de junho de 2009, a repórter Maíra Fernandes denunciava a dura realidade vivenciada por eles, quando num frio de 10 graus, conforme dizia o texto, as crianças sequer podiam ir até a escola. O filho Leonardo, à época com apenas quatro anos, abria a matéria com um pedido: queria ganhar tijolos para tapar todas as frestas nas paredes de sua casa, responsáveis pela entrada de ar frio. Não havia roupa suficiente para agasalhá-los, nem ao menos um tênis para calçar os pés gelados de Leonardo. Um berço branco aguardava a chegada de um novo membro da família: Thainara. Pelo resto do ambiente, vasilhas espalhadas buscavam minimizar o efeito das chuvas, que também pelas frestas, faziam estrago na moradia da família.

Com a mobilização de vizinhos, de professores da Escola Estadual "Izabel Rodrigues Galvão", onde os meninos estudavam e também por meio da repercussão que a matéria jornalística trouxe, Viviane recebeu roupas, brinquedos, e os reparos necessários para a casa. Temporariamente os problemas estavam sanados. Só o tempo foi revelar que eles voltariam : três anos depois, Adriana e seu irmão contam que a mãe das crianças não soube administrar as doações que recebeu. "Ela dava roupa pra todo mundo, vendia, não sabia o que fazer com o que ganhou. Alguns meses depois, já estavam todos passando frio e fome outra vez", lamentou.

"Entendo que de toda essa história, fico feliz que todos eles crescerão e serão boa gente. Estão todos encaminhados", pontua Adriana. "Mais do que isso, quando a mãe deles sair da cadeia, eles é que vão ensiná-la como viver melhor, e como fazer as coisas direito", admite com orgulho. Para o marido, Eliel, eles têm tudo que precisam para trilhar um caminho do bem: "estão estudando, tiram ótimas notas e são caseiros, não gostam de arruaça", conclui.

"O segredo é sempre estar ao lado delas"

Para esta família, a boa educação não vem do luxo ou da riqueza, mas da própria relação entre os membros: "Acho que o segredo para educar bem estas crianças é que eu estou sempre do lado deles. Não adianta ficar gritando e sendo mandona. Se eles aprontam hoje, eu corro atrás. Sujou o tênis, eu vou lá e lavo. Deixou bagunça? Eu arrumo. Um dia eles tomam juízo e fazem isso por eles mesmos, mas agora eu tenho que dar o bom o exemplo", argumenta Adriana. Ela conta que, apenas em um sábado, chegou a passar seis horas seguidas lavando roupas dos oito membros da casa. Mas com tanto empenho, o respeito é mútuo: ao saírem de casa, ou simplesmente em um gesto esporádico, cada um de seus filhos lhe dá um beijo na bochecha e agradece pela oportunidade que ela proporcionou. A mãe, não de sangue, mas de coração, fechou: "Disseram que foi loucura o que eu fiz, e até hoje alguns reafirmam, Mas loucura mesmo seria ter abandonado essas crianças quando ela mais precisavam de mim". 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sob goles e tragadas, permita-me a tristeza

Uma outra visão sobre o álcool, a descrimininalização das drogas e o vício em geral



Ah, não! Será este mais um texto com dezenas de argumentos díspares que separam os intelectualóides "pró-maconha" dos conservadores anti-legalização? Espero que não. Após acompanhar tantos textos, conferências, entrevistas, passeatas e, principalmente, a opinião popular no assunto, temo que dissertar sobre a descriminalização das drogas ou qualquer outro tema neste caminho possa cair, eventualmente, em uma mesmice pegajosa. Antes de tudo, gostaria de ressaltar que não pretendo dar suporte à nenhuma das premissas antes colocadas à tona pelos discursos já antigos, formados por um pequeno grupo de pessoas e reproduzidos à exaustão por seus pupilos nas redes sociais.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Matéria: O Solfejo coletivo da percussão


O solfejo coletivo da percussão

Sorocabanos integram grupo de percussão Tchá-Degga-Da, que inova em método de ensino coletivo

Luiz Fernando Toledo
 luiz.toledo@jcruzeiro.com.br


Não foi por acaso que o grupo de percussão Tchá-Degga-Da caiu nas graças da grande mídia nos últimos anos. Semifinalistas do programa "Qual é o seu talento", do SBT, aplaudidos em pé por toda a plateia do Domingão do Faustão no quadro "Se vira nos 30" e entrevistados no programa "Manhã Maior" da Rede TV, o grupo alcançou rapidamente o status de grande banda. Não só banda, como uma espécie de escola online de musicalização, que atingiu jovens dos quatro cantos do País. Com 11 componentes sorocabanos - três veteranos e oito que se uniram à equipe em 2011, tiveram destaque no jornal Cruzeiro do Sul na última semana ("Jovens sorocabanos estão na Seleção Brasileira de Percussão", 3 de fevereiro). O criador do grupo, o americano John Grant e sua esposa, Taciane, conversaram com a reportagem e contaram sobre o projeto inovador cujo nome remete a um rudimento (elemento básico) da percussão - Tchá-Degga-Da, uma espécie de onomatopeia, que na linguagem dos músicos, é chamada de "flam drag". 

"De onde vocês são?" é o questionamento que qualquer um tomaria como ponto de partida. A resposta não viria assim tão fácil: o divertido sotaque americano de John, mesclado à sonora fala carioca de sua esposa, já entregava a origem diversificada do grupo. "Somos de todo o Brasil", afirmou Taciane. Diferente do que foi repetido exaustivamente no Domingão do Faustão, Tchá-Degga-Da não pertence a Sorocaba. Trata-se de um projeto, criado pelo americano em 2005, que integra jovens de diversas regiões do País. A rotina dos músicos parece complexa: de tempos em tempos, John avisa em seu site oficial (http://drumline.com.br) que haverá um acampamento em uma determinada data e local. Os percussionistas, que partem do Rio de Janeiro, Paraná, Goiás, São Paulo e outros estados, se viram como podem para chegar ao encontro, onde passam dias ensaiando. Nessas reuniões, John e outros músicos dão aulas de percussão aos alunos mais novos e divulgam o trabalho na região em que ocorre o evento, para que outros também se interessem. Após essas convenções musicais, eles gravam tutoriais e criam vídeos no Youtube, divulgando o trabalho através das redes sociais e do site oficial, para que outros aprendam. John explica que os tutoriais são produzidos pelos próprios alunos, com um método de caráter social. "Se um cara que veio dos EUA chegar gravando vídeos mostrando sua técnica, ninguém vai se interessar. Agora, se eu mostrar um aluno que realmente aprendeu, o espectador vai pensar: "se ele consegue, eu também consigo", relata. 

Nos encontros seguintes, internautas que conheceram o grupo através dos vídeos acabam participando também. "Muitos acham que nós somos uma empresa grande, que tem escolas em outras cidades ou professores que recebem salário para ensinar. Não é nada disso, nosso projeto é totalmente independente e não possui renda própria", comenta John. Na realidade, o grupo se registrou como Organização Não-Governamental (Ong) há um ano. A impressão de grande se intensificou pela visibilidade nacional que atingiram após as apresentações na TV. Um dos objetivos do Tchá-Degga-Da é treinar uma seleção brasileira de percussão para competir em um tradicional evento nos Estados Unidos, que ocorre em abril - o Campeonato Mundial de Percussão Rudimentar (WGI). 

Para participar do grupo, basta querer. Taciane explica que não é preciso ter nenhuma noção musical. "Tivemos alunos que entraram sem conhecer nada de música, mas se interessaram tanto que hoje se profissionalizaram e estão no mercado de trabalho", comenta, satisfeita. 
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Em Sorocaba

A relação do Tchá-Degga-Da com os sorocabanos se intensificou em outubro do ano passado, quando John foi chamado para treinar os percussionistas da Banda Marcial de Sorocaba (Bamaso). Muito antes disso, em 2006, três jovens da cidade já participavam dos acampamentos musicais e se apresentavam com o grupo: os veteranos Lucas dos Santos Bidoia, de 15 anos, Caio César Ayres de Moura, 17 anos e Renan Silva Proença, de 21 anos. Lucas, o prodígio da equipe, começou aos 9 anos e seu currículo já surpreende: aos 13 fez inscrição para o curso de percussão no Conservatório Musical de Tatuí e passou em primeiro lugar, à frente de mais de 100 concorrentes. Infelizmente, devido à sua idade, acabou não podendo assistir às aulas conquistadas. Agora ele estuda para fazer intercâmbio nos Estados Unidos e cursar a faculdade de música por lá.

Caio aprendeu a ler partituras com o Tchá-Degga-Da e sua opinião sobre a iniciativa é decisiva. "É um projeto que abre oportunidades para muitas pessoas", diz o aluno, que assim como Lucas, grava tutoriais para ajudar os mais novos.

Acampamentos 


O mosaico cultural do Tchá-Degga-Da é evidente nos acampamentos organizados por John Grant. Sem lugar espefício, os músicos precisam se virar - e muito - para chegar ao local combinado, normalmente na região sudeste, devido ao grande número de alunos. Já estiveram no Rio de Janeiro, em Limeira , Presidente Prudente, Lorena, Bauru, Santa Fé e outras cidades, totalizando mais de 40 encontros nos seis anos de existência do grupo. A duração dos encontros também varia, podendo ser um final de semana, ou um feriado prolongado de cinco ou seis dias. "Depende da disponibilidade dos participantes", explica Taciane.

Cada um contribui da forma que pode. "Alguns trazem comida, outros cozinham. Normalmente essa parte é minha, é a dificuldade de ser uma das poucas mulheres do grupo", ironiza Taciane, em tom de brincadeira. Os ensaios são intensos, e podem chegar a 14 horas diárias. "Nos vemos poucas vezes pessoalmente, temos que aproveitar todo o tempo disponível", justifica o sorocabano Caio. "Eu e o Lucas já chegamos a ficar 48 horas sem dormir, entre tocar e comer", comenta aos risos. Através de uma "tábua de estudo", uma espécie de tambor de borracha, que ameniza a altura do som, os alunos podem treinar os "rudimentos" ensinados nas aulas que ocorrem durante os encontros. Mesmo com a medida preventiva, o grupo recebe frequentemente reclamações dos vizinhos, por causa do barulho. "Quando nos encontramos, os ensaios ocorrem de manhã, à tarde, à noite e de madrugada, é difícil que eles (os vizinhos) entendam isso", diz a percussionista.

Projeção nacional 


"Um tal de SBT ligou dizendo que nós fomos chamados para uma audição", disse um receoso John, à sua esposa, em tom obviamente de dúvida, em meados de 2010. Ele não conhecia o canal. Na verdade, ainda não sabia do que se tratava, pois nunca foi de assistir televisão, nem quando morava nos EUA. O espanto foi tanto, que Taciane gritou em comemoração: "SBT? É televisão, John!". O integrante do grupo Zé Ricardo inscreveu o Tchá-Degga-Da no programa "Qual é o seu talento?", pelo site do SBT algumas semanas antes, e o resultado chegou. A maior dificuldade foi reunir o grupo rapidamente. Foram todos à casa de Lucas, em Sorocaba, que era o local mais próximo de São Paulo que conseguiriam se reunir. O lar do estudante se tornou um verdadeiro hotel, com colchões espalhados pela cozinha, sala, quartos, quinta, enfim, em todos os cantos. Após obter apoio da secretaria de educação de Sorocaba, conseguiram um ônibus que os levou até São Paulo.

"O Thomas (Roth, apresentador do programa) nos disse que foram selecionados 20 grupos, entre todo o material recebido pelo SBT. Desses 20, sete entrariam ao ar, provavelmente", conta John. O pessimismo se intensificou no pensamento do grupo: "Com certeza ficaremos entre os 13 que nem na TV aparecerão", lembra Taciane. Ao receber a classificação e chegarem até a semifinal do programa, todos se surpreenderam. "O Tcha-Degga-Dá não venceu, mas recebemos muitos elogios dos críticos do programa. Até o Arnaldo (Saccomani, apresentador) nos elogiou", brinca a percussionista.

No Domingão do Faustão, o momento foi breve, mas garantiu a ascensão artística do grupo. O percussionista da banda do programa, Marcus Cesar Modesto, rasgou elogios à apresentação, enaltecendo a qualidade particular dos músicos. Respondendo a uma indagação do Faustão, Modesto afirmou: "Aí não cabe músico mediano. Ou todos são bons, ou não rola. Eles têm que funcionar como um time". Um erro no cadastro dos participantes fez com que o apresentador exibisse o Tcha-Degga-Dá como um grupo de Sorocaba. A repercussão do "equívoco" em todo o país foi positiva para a cidade, e pertinente, agora que John realmente mora na cidade, e realiza o trabalho com a Bamaso. 

Dificuldades 


O projeto promissor de John Grant, apesar de já garantir qualidade técnica de seus músicos, ainda encontra resistência de patrocinadores. O músico lamenta alguns episódios sofridos pelo grupo, como quando foram prestigiados por uma famosa empresa de instrumentos musicais dos EUA, que prometeu fornecer equipamentos aos alunos, mas quando tentou contato com a filial brasileira, a proposta foi recusada. John também se preocupa com o preço e a qualidade dos instrumentos, que não se compara ao que é oferecido nos EUA. "O preço é absurdo. A baqueta que utilizamos, custa em média seis dólares em qualquer cidade americana. Por aqui, encontramos por, no mínimo, R$ 50", lamenta o percussionista. "O problema é ainda maior, se levar em consideração que nossos alunos são jovens, que ainda fazem ensino médio ou estão querendo fazer uma faculdade, e não trabalham para arcar com as despesas.", explica. John também chama a atenção para a forma como muitos percebem a música no Brasil: "Quando o filho tem 12 anos, os pais acham lindo que ele estude música. Mas aí chega a época do vestibular, e mesmo aquele aluno que deseja seguir carreira como músico, acaba tendo que partir para um curso mais tradicional, a pedido da família. Perdemos muitos músicos talentosos por essa questão cultural", desaponta-se.

Para organizar os acampamentos, cada um se vira como pode. Alguns vão ao encontro apenas com o dinheiro da ida, arriscando não ter como voltar depois. "Nós tentamos buscar patrocínio com empresas aéreas mas não obtivemos êxito. A dificuldade não é apenas financeira, mas de pessoas, em alguns casos. Não sabemos como redigir um projeto formal para apresentar às empresas, por exemplo", explica Taciane. Nos primeiros encontros, o próprio John montou alguns instrumentos, com ajuda do músico Zé Ricardo - um dos mais antigos no grupo. "Meu sonho é mostrar o talento dos músicos brasileiros para o mundo. Já estive com grandes grupos de percussionistas dos EUA, como o Blue Devils e o Riverside College Community (RCC), e posso garantir que nossos artistas são tão bons quanto eles. Só nos falta o incentivo", afirma John. Se  depender de seu esforço como diretor, a ascensão é garantida: "Quero dar aos meus alunos a estrutura necessária para se tornarem grandes músicos com reconhecimento internacional. Até o momento, o que eu tenho para oferecer é o conhecimento", filosofa. O passo primordial já está dado.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Matéria: Uma Nôva pegada para um rock tradicional


Uma 'Nôva' pegada para um rock tradicional

Banda sorocabana lança o EP 'Tempo' na internet e anuncia que show de estreia será no dia 16 de maio, no Asteroid Bar
Notícia publicada na edição de 10/05/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno C - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Luiz Fernando Toledo
luiz.toledo@jcruzeiro.com.br


Seis jovens e alguns instrumentos musicais fechados em uma sala durante meses. A ideia de décadas atrás se renova com frequência e continua apaixonando. Partindo de um nicho de sonoridade em ascensão constante no Brasil, "o rock alternativo", a banda Nôva se propôs a fazer uma música que não fugisse dos moldes tradicionais do gênero, ao mesmo tempo flertasse com elementos de peso, característicos do heavy metal, e ainda a euforia do pop contemporâneo. Nas palavras, a mistura soa mais complicada do que realmente é. Mas o ritmo do EP "Tempo", criado pelos músicos Fernando Xavier (vocal), Paick Alix (guitarra), Gustavo Kussuki (guitarra), Guilherme Hoffart (teclado), Pedro Barbosa (bateria) e Thiago Bertola (baixo), flui como poucos desta nova geração.

Com produção e mixagem do músico Felipe Colenci, o EP traz cinco faixas com letras em português: "Superficial", "Estrada sem fim", "Eu sei", "Teatro" e "Tempestade". A opção pelo nosso idioma, contrária a uma legião de bandas de rock que preferem o tradicional inglês, se deve a um fator explicado pelo guitarrista Gustavo Kussuki: "Queríamos transmitir sinceridade nas músicas. Em inglês, acabaríamos com frases longe da nossa realidade e não nos expressiaríamos bem", argumenta. O som, que alterna guitarras pesadas, solos de teclado e um baixo constante, tem refrões grudentos e letras que o grupo explica como "a ânsia jovem com a poesia adulta". 

Favoráveis à expansão da internet como principal meio de divulgação do trabalho artístico dos músicos, o Nôva disponibilizou as cinco músicas para download gratuito em sua página no Facebook. Para baixá-las, basta acessar: http://www.facebook.com/novaoficial. Para quem prefere adquirir o CD, a banda fará seu primeiro show no dia 16 de maio, no Asteroid Bar. A comercialização do material será inusitada: não haverá preço fixo. "O público vai pagar quanto achar que o EP vale ou mesmo quanto tiver de dinheiro na bolso na hora", explica Kussuki.
 
Histórias e metas 
Com uma distância considerável entre a criação da banda, em 2009, e o lançamento do primeiro material oficial, em 2012, o guitarrista e estudante de engenharia civil Paick Alix confessa que quase não reconhece sua banda, em relação ao ano em que tudo começou. Eram apenas três ex-membros (Paick, Pedro e Thiago) de uma outra banda de rock, a Falls of Glory, que decidiram criar um novo grupo com ideias focadas no country rock ou algo semelhante.
 
Só que uma coincidência mudaria os rumos do trio. O guitarrista Gus Kussuki, que trabalha na escola musical e studio Music House, aguardava uma banda que ensaiava no local. "Eu estava lá esperando a banda e o Paick apareceu do nada no studio. Acho que não tinha nada pra fazer", brincou Kussuki. Na conversa descompromissada, surgiu o convite de Paick para que o músico entrasse para o Nôva. "Pra falar a verdade, a banda começou com a entrada do Gus. Eu e o pessoal só tínhamos feito uns dois ou três ensaios no começo", comentou Paick.

O posto de vocalista foi o empecilho maior. Foram seis testes antes do grupo encontrar o estudante de publicidade Fernando Xavier. "Nós tentamos muita gente, mas ninguém se adequava ao nosso som, às nossas ideias. Até eu tentei cantar, quando vi que não daria certo com ninguém, mas sou muito tímido para isso", explica Gus Kussuki. Trocando olhares bem humorados com Paick, relembrou: "Foram tantas tentativas, que até faltavam argumentos para dispensar os candidatos." Conheceram Xavier em um evento da Virada Cultural Paulista 2010, que ocorreu na Usina Cultural. O estilo plural de Fernando, que mesclava o rock tradicional com o heavy metal, foi decisivo para entrar na banda.

Já o tecladista Guilherme Hoffart entrou na banda por experimentação do grupo. "No começo, queríamos apenas que ele nos desse uma força com samplers", explica Paick. "Era para ele ir em alguns ensaios, mas acabou frequentando todos e nos ajudando a criar as músicas", completa Gus. A banda o considera "como um terceiro guitarrista", que não serve apenas para preencher o som, como em outras bandas de rock, mas como o membro que incorpora sons diferentes e dá uma nova roupagem às musicas. O integrante também participa das composições e das letras. Fernando explica que a música "Tempestade" foi inspirada na trajetória do tecladista, que abandonou um emprego no banco, em que estava há cinco anos, para se dedicar à música. "É uma faixa que fala da paixão de se fazer aquilo que realmente se gosta", esclarece.

Para 2012, o Nôva planeja o lançamento de um videoclip, que será produzido por Alex Batista, mas ainda não divulga qual será a música. Pensam também em um novo EP, pois já têm outras músicas finalizadas e desejam mostrar o novo repertório ao público. "Acredito que a nossa principal meta do ano será divulgar nosso som. Será show atrás de show", finalizou Fernando.