terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Matéria: Infância em Sol Maior

Notícia publicada na edição de 04/12/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 4 do caderno Cruzeirinho (infantil)



Infância em Sol Maior

Notícia publicada na edição de 04/12/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 4 do caderno Cruzeirinho - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Luiz Fernando Toledo
luiz.toledo@jcruzeiro.com.br

"Vamos brincar de telefone sem fio!", diz a professora Natália a um grupo de meninas em uma tarde ensolarada de quarta-feira. Empolgadas, levantam rapidamente de suas cadeiras e formam um círculo no centro da sala. Pelas janelas, é possível ouvir melodias diversas. Algumas pontuadas por um piano choroso, outras, por um violino que parecia adorar cantar. Nenhuma delas está em uma festa. Na verdade, estão em uma sala de aula, estudando música clássica.

Eduarda Belli, de 10 anos, é a primeira a entrar na brincadeira. "Eu toco piano há muito tempo, nem sei quantos anos. Toco desde a fraldinha!" comentou, seguida pelo riso das amigas que não resistiram à piada. Natália, a professora, explica que Eduarda deverá fazer um ritmo qualquer com as mãos na costa de sua amiga. "É que nem brincar de telefone sem fio, mas ao invés de palavras, vocês vão batucar, e a amiguinha do lado vai tentar reproduzir, até chegar ao final da roda", comenta. 

A jovem pianista logo se empolgou, e criou o primeiro ritmo que veio à cabeça nas costas de Maria Eloísa Soares. "Não entendi nada", a amiga retrucou, fazendo as colegas caírem em risos novamente. "Vai de novo, Eduarda", pediu Natália. Ao final da roda, o ritmo estava todo trocado, e as meninas começam novamente. O gosto de Paula Cabral pela música começou cedo. Aos cinco anos, já arriscava as primeiras teclas do piano. "Comecei a tocar principalmente por causa da minha mãe", comenta. Paula sempre achou o piano o instrumento mais belo de todos, e se apaixonou pela ideia de tocar na igreja, ao lado de sua família e amigos.

A colega Maria Eloísa, de apenas sete anos, é a violinista da turma. Quando viu pela primeira vez uma orquestra tocando, na televisão, já teve curiosidade e seus olhos brilharam pelo delicado instrumento. A paixão pela música pode começar a qualquer momento. Seja pelo piano, violão, violino ou percussão, os pequenos talentos podem surgir mesmo se os pais não façam parte do universo musical. De acordo com Alessandra Mascarenhas, coordenadora dos cursos de música da Fundec (Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba), a iniciativa, apesar de partir normalmente dos pais, surge também das crianças, que pedem para tocar algum instrumento logo cedo. "A relação com o instrumento é tão grande que alguns alunos que fizeram aula conosco, hoje são professores da Fundec", comenta.

E as dificuldades? Os alunos demonstram que tocar um instrumento também traz responsabilidades. Horas de estudo, disciplina e muita vontade, principalmente. Paula revela o seu segredo: "No começo é bem difícil e desanima um pouco. Mas depois que você pega o jeito, não dá vontade de parar nunca mais!", explica. Ao final da aula, a professora Natália convida o grupo a cantar. Soadas as primeiras notas do piano, todas entram na atividade com o sabor de uma brincadeira e enfeitam o ambiente com suas doces vozes da infância.

Musicalização pode começar aos 5 anos

A partir dos 5 anos de idade, muitas escolas especializadas em Sorocaba já recebem alunos para as primeiras noções musicais, também conhecida por musicalização. Marlen Godinho, do Conservatório João Baptista Julião, explica que as atividades voltadas às crianças se baseiam em brincadeiras e jogos. "No começoi, nada de teoria nem provas. A criança assiste desenhos, canta e toca pandeiro, além de ouvir muita música", diz. Dessa forma, elas adquirem suas primeiras noções de ritmo e descobrem para onde seu gosto se direciona. Nesse primeiro estágio, a parte sensorial da música é aguçada na criança. Muitos pais se questionam, acando que os filhos só estão na aula brincando. Mas nãoi. Marlen explica que todas essas atividades, "distanciadas" da música, na verdade fazem com que elas conheçam de forma natural esse universo tão vasto.

E para quem acha que a música pode atrapalhar nos estudos, a professora afirma justamente o contrário. "Conheço pesquisas que dizem que tocar um instrumento melhora a concentração, desenvolve a coordenação motora e estimula o raciocínio. Crianças que se relacionam com a música têm melhores notas na escola e se dão bem em qualquer atividade que desejarem", afirma.

A infância é o melhor período da vida para se iniciar na música. Cabeça livre de problemas, e uma grande capacidade de aprendizado fazem com que uma criança aprenda com muito mais facilidade do que um adulto.

O universo da música agrada a todos. Não tem preconceitos nem barreiras, é só se aconchegar e tocar. É um presente para se levar durante toda a vida, e mostrar aos amigos. Um dom para revelar a todos, e se orgulhar por isso.