quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Cinema mudo


Após um longo hiato desde o texto "Dois rios", retomo com o Timeless Winter. Um dos textos que escrevi que mais me agradou, no sentido geral, o relato que deixei a respeito do Colégio Veritas e da minha "superação" mudou rumos que eu tinha por válidos ao longo de muitos anos. E como uma onda nunca vem sozinha, parece-me que desde então, passei a reparar mais nos detalhes do cotidiano. Um intervalo de 10 minutos no trabalho gera uma reflexão. Uma menina brincando na calçada, outra. E nessa noite, uma ida ao cinema me influenciou a criar este texto.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dois rios

Um post mais pessoal que o comum desse blog. De uma experiência sem graça e previsível, cheguei a um momento único, julgando-o "um dos melhores de minha vida", como dito repetidamente naquela tarde de sábado. Um sábado que sorria com dentes amarelados e pelo cantinho da boca...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Anarquia



Essa imagem apocalíptica expressa bem como minha cabeça tem andado. Perto das eleições, diz a minha moral que devo escolher e estudar bem meus candidatos. Em um quarto semestre de jornalismo, a mesma moral diz que devo formar opinião sobre muitos assuntos. Religião, filosofia, sociologia, esporte (!!!), polêmicas em geral, escândalos e tudo mais o que surgir. É nessas horas, em que tudo cai de uma vez só, o fato de eu existir e como ser humano, raciocionar o mundo e a minha vida dentro dele, me faz querer ser qualquer outro animal com pouca massa encefálica. Por um momento parece que tomo alguns partidos, tenho algumas decisões. Mas logo surge uma nova notícia, e tudo vai por água abaixo. Será que realmente devo pensar assim? Meus princípios estão corretos?

O caos tomou conta. Parto dessa, e de mais algumas confissões para fazer uma possível reflexão. Quando eu começo a crer que vale mais a pena votar em um candidato a presidente e não em outro, descubro algo horrível em seu passado que me faz repensar, e opto por um terceiro candidato. Mais algumas semanas de pesquisa, e ele também não vale mais nada. Afinal, qual deles vale alguma coisa?

Outro dia reli meu post sobre o humor de "antigamente", e minhas críticas aos programas humorísticos atuais. Mas domingo, assisti ao Pânico na TV e chorei de rir com os quadros. E paro pra pensar: eles ofendem pessoas, humilham mulheres, esculacham deficientes e pessoas pobres. Mas eu, como milhões de outros brasileiros, ri! E qual é a proposta do programa? Fazer rir. Então será que eles estão tão errados assim? Devo me sentir mal por rir das piadas deles?

Tropa de Elite 2 tá vindo aí. No twitter, vi muita gente postar algo como "mais um filme pros cientistas sociais e cultzinhos de internet ficarem de mimimi". Com o primeiro filme, participei de uma série de discussões a respeito do tema, seja com amigos, seja nas redes sociais, ou mesmo na faculdade. Será que foi uma perda de tempo, e afinal de contas é só um filme de ação com bordões que o Brasil repetiu à exaustão?

Nas férias de julho, fui com uma amiga, Mariana, na Versace (Oscar Freire), e encontrei a mulher do Zezé de Camargo, uma mulher muito estranha. Fiquei um bom tempo discutindo com ela, com a vendedora e com a própria Mariana, porque eu achava ridícula a ideia de elas amarem roupas feitas com pele animal, e pagarem um absurdo por isso. Oras, as roupas que eu uso, mesmo que não tenham matado nenhum animal, foram fabricadas em países minúsculos em algum canto do mundo que eu não faço a menor ideia, e muito provavelmente por meio de mão de obra barata, às custas de alguém com menos sorte que eu. Então que diferença faz matar um bicho ou escravizar uns pobres por aí? E peraí, eu não dispenso um churrasco, eu SÓ como carne e odeio vegetal. Nunca parei pra pesquisar sobre essa questão de vegetarianismo, nem tive vontade. Jamais dispensaria meu almoço, por mais que provem de todas as formas que é possível viver de vegetais. A desgraça está em tudo quanto é lugar.

Devo comprar uma marca nacional para fortalecer nossa economia, ou uma marca internacional? De repente algum país realmente precisa exportar tal produto por ser a base da sua economia, e se não houver demanda, eles morrem de fome (hipóteses absurdas mas que fazem sentido).
Como disse uma amiga, uma vez: "se você parar pra pensar em tudo, nos mínimos detalhes, vai parar de viver". É refletir mais e criar mais problemas. É preciso se preocupar com todas as questões do mundo?
"Faça a sua parte", é o que dizem. E isso significa o quê? Postar foto de crianças raquíticas no orkut e dizer que se preocupa com os pobres? Abraçamos tantas questões que nem sabemos mais exatamente de que se tratam.

O BANHO DEMORADO! Será possível que até mesmo em um momento tão simples e relaxante, como o banho, eu sou obrigado a pensar que se passar de 10 minutos ali, estarei colaborando para a futura escassez de água no planeta? E a amazônia? E os direitos dos índios? E a luta pela igualdade dos sexos? E a pena de morte? E a a pobreza? E a fome? E a criminalidade? E a obrigatoriedade do diploma de jornalismo? E o petróleo? E os bichinhos morrendo por derramamento de óleo? E os Galvão Birds? E os...

AAAAAH!

Pensar faz mal às vezes.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Advogado do diabo

Tenho pensado em adolescência. Em manias, modas, pra ser mais específico. Dessas que pegam o menino que acabou de sair da quarta série e começou a olhar diferente pra menina da carteira ao lado e a menina que acabou de menstruar pela primeira vez. Mas além desses, um público jovem em geral. Crepúsculo, Restart, Malhação, enfim, esses assuntos que ninguém mais aguenta ver na mídia.

Nos últimos meses (ou anos, não sei quão desatualizado eu estou, haha), têm surgido na internet brasileira os chamados "vlogs", já famosos no exterior: videoclips semelhantes a um blog, e neles, novas "figuras": PC Siqueira, Felipe Neto, o personagem indignado, e tantos outros...Não vou me detalhar pois pouco sei do assunto, conheci mais os vídeos desses dois mesmo. Em especial o caso de Felipe Neto, este fala sobre assuntos que realmente estão na mente adolescente da nossa geração, seja no Brasil, seja no mundo, e obteve o reconhecimento rapidamente após tal investida. As pessoas se mataram de criticar ou elogiar, mas qualquer um que frequente as redes sociais sabe da existência do cara, e de alguma forma pensou a respeito dos assuntos. Comigo não foi diferente.

Mas não falarei dele, e sim das pessoas por trás dele (sem segundas intenções auhauha), ou melhor, dos "fãs" dessa nova fase da comunicação de massa: os críticos da comunicação de massa. O que tenho visto, em potencial, são pessoas descendo a lenha nas bandas "coloridas", nos "livros de menininha", nos colírios da capricho e sei lá mais o quê. E qual a idade dessas pessoas? Ao menos a maioria que eu vi, mais de 18. Alguns já na faculdade, outros fazendo cursinho...Mas num sentido geral, pessoas que já estão saindo da adolescência.
Você tem algum amigo de 25 anos que vai ao show das bandas coloridas? Alguma amiga que liga do trabalho pra outra amiga pra comentar do último episódio do vida de garoto? (lembrando que o nome do programa é DE GAROTO e não vida DE ADULTO...Concordo plenamente que é uma porcaria, maaaaaaas, todos sabemos o público ao qual ele é destinado) A não ser que você tenha amiguinhos meio atrasados, se é que me entende, provavelmente não.
E qual o sentido de tudo isso, então? Não me parece muito inteligente criticar um produto feito para adolescentes (e pré-adolescentes) que brigam com espinhas e têm muitos sonhos com o vampiro que brilha. São produtos de massa? São. Do ponto de vista de alguém mais velho, são idiotas? São. Mas NÃO SÃO para um público mais velho! Se você é mais velho, sabe que é ruim mas curte mesmo assim, não faz mal. Afinal, todos curtimos alguma porcaria. Eu adoro seriados, largo os estudos muitas vezes para assistí-los. E os revejo. Nem tudo na vida é estudo e seriedade.

Mas o ponto é que as pessoas estão criticando algo que já fez parte da vida delas. As gerações mudam. Se hoje eles gostam disso aí que tá rolando, seja a calça laranja, seja o filho do cantor famoso que tá na novela, com certeza no passado os que criticam hoje já gostaram de alguma porcaria também. Só porque é diferente, não significa que não fosse. Quem aí não assistia pokemon na record? Quer coisa mais ridícula do que um monte de bichinho que se mata sem motivo nenhum? Ou Yu-gi-oh, ou Power Rangers...Que atire a primeira pedra a menina que nunca comprou uma capricho na vida ou nunca sonhou com o tal do Felipe Dylon (me desculpem se eu fizer citações toscas, mas não conheço muito disso auhauha). Só que essas meninas cresceram, hoje se acham maduras, e julgam as que gostam dos ídolos de hoje. São apenas gerações, mas não deixa de ser a mesma história, contada por outras pessoas, sob novas perspectivas. Se é pra xingar música ruim, xinguem funk, pagode (e que me perdoem os pagodeiros haha), axé...Porque esse não é destinado ao público juvenil..É para o público adulto mesmo, e muita gente gosta. As pessoas amadurecem em fases diferentes. Não é nem um pouco sensato desrespeitar o tempo do outro com isso.

Se essa geração da crítica vai fazer as pessoas abrirem seus olhos e crescerem, eu não sei, mas até agora a única coisa que eu vi foi uma briga sem fim, nem vencedores pra nenhum dos lados.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O equilíbrio na corda bamba

Esse post será...um pouco maior do que o normal, haha. Além do mais, farei muitas a referências a outras postagens, então recomendo que leiam quando estiverem bem SEM FAZER NADA! :p




Charlie Harper, Sheldon Cooper e Barney Stinson
. O que esses personagens têm em comum? Além de fazerem parte de grandes seriados (sitcom) dos EUA, é claro. Charlie, da série "Two and a Half Men" é um mulherengo pra mulher nenhuma botar defeito: rico, galã, pianista, um carrão na garagem e uma casa na praia com vista para o mar. Sheldon Cooper, o esteriotipado nerd de "The Big Bang Theory", físico teórico de QI 187, que conseguiu seu PhD com apenas 16 anos, mas incapaz de socializar. E pra finalizar, Barney Stinson, o solteirão de "How I Met your Mother", autor do código de conduta dos brothers (The Bro Code), que já transou com mais de 200 mulheres. Mas afinal, o que eles têm em comum? (e lembramos aqui do post sobre os sitcom em comparação à vida real, na postagem "As verdadeiras sitcom")

Em Two and a Half Men, vivemos um binômio constante: Charlie e seu irmão Alan. Ou melhor: a vida da vadiagem, do solteiro feliz e descompromissado, ou a de casamentos frustrados, dívidas a serem pagas, e tudo sendo levado a sério. Pode parecer, a princípio, que Alan sofre uma grande desvantagem, mas existe aí uma realidade: Cada um desses personagens puxa a corda em extremidades diferentes, que a leva pra lá e pra cá constantemente, sem um equilíbrio: viver uma vida de prazeres ou uma de compromiss os? Ferir os sentimentos de todas ou sofrer por uma? E mais: viver nos "one night stand"(sexo casual) ou manter uma relação com sentimento, amor, confiança? Essas e outras questões são levantadas em Two and a Half Men, reduzindo situações ao absurdo. Isso só me faz enxergar uma coisa: a tese e a antítese estão postas, mas é preciso de uma síntese (e viva a dialética!): O EQUILÍBRIO!



Indo para o apartamento de Sheldon Cooper, a disputa se repete, em outra faceta: Temos, por um lado, sua personalidade imutável, repleta de "regras" que ele mesmo se estabelece, manias a serem seguidas o tempo todo e uma aversão incrível ao meio social, e por outro, sua vizinha Penny, uma loira gostosa que trabalha na Cheesecake Factory (uma espécie de restaurante), que dedica sua vida a coisas simples, pouco entende da física ou do conhecimento erudito, mas sonha ser atriz e conhece o nome e a vida de inúmeras celebridades. Será mesmo que há um certo ou errado? Mais uma vez me senti na mesma situação de reflexão: não se deve levar a vida tão a sério assim, mas existe um limite. Nesse ponto, outro personagem da série procura agir bem: Leonard, companheiro de quarto de Sheldon. Ele também é "nerd", mas procura socializar e viver como qualquer outra pessoa, ter amigos, ir à festas e conversar. Desde quando conhecimento é sinônimo de chatice, ou beleza e assuntos comuns são símbolos de futilidade? (uma passadinha nos posts "Controvérsia" e "Futilidade" complementam melhor essa questão)




E para finalizar o trio dialético das comédias, How I Met your Mother. Nesse último, coloquei o personagem Barney como exemplo, mas o dilema vai além dele. Esse seriado é muito voltado aos relacionamentos: manias entre casais, problemas no namoro, encontros a 4 pessoas, encontros às escuras, amor, romance, ficada, e daqui em diante, o que mais você conseguir pensar. O engraçado mesmo é que os criadores dessa série conseguem o que muitos insistem, mas não enfiam na cabeça das pessoas: nossos problemas são simples, quem os complica somos nós. Como é ridículo observar certos problemas de um namoro do lado de fora! Os ciúmes, as brigas, os desentendimentos...É preciso ser racional às vezes, mas nunca abandonar o emocional. Entenda o que o outro está sentindo, procure manter uma igualdade, não se prenda a este outro como se fosse a única pessoa do mundo, e deixe-o viver tão livre quanto qualquer ser humano merece a liberdade. É tão simples!



Por fim, o óbvio a se esclarecer, mas que todos se negam a aceitar: sem um equilíbrio, a casa toda desaba, e haja auto-estima e perserverança que reconstrua! Em cada atitude nossa, devemos procurar entender a um, entender a outro, para enfim chegar a algum lugar coerente. Não adianta querer pular para os extremos sem antes ter entendido o que se passa no centro!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Que pílula tomar?

Elas apareceram em “Alice no País das Maravilhas” (Lewis Carrol). Foram idolatradas, copiadas. Muito tempo depois, reaproveitadas em Matrix. Entre um texto e outro, muitos autores desfrutaram de tal deixa para se deleitar em pensamentos filosóficos e críticos, especialmente a respeito da manipulação. Mas a premissa é a mesma: a metáfora de um mundo de uma “dura” realidade, paralelo a um mundo “imaginário”, no qual vive a maioria das pessoas.

Pode parecer estranho, depois de tanta complexidade que já depositaram nas famosas cápsulas coloridas, o tema que pretendo discutir: bebidas!

Talvez eu não seja a melhor pessoa do mundo pra dizer o que é beber, quais são seus efeitos, e se isso é bom ou não, porque nunca experimentei nem tenho vontade. Em meu about do site, já incluo na lista das coisas que não gosto, o álcool. Não pelos efeitos da moral e do conservadorismo, simplesmente nunca me atraí.

Mas tive de conviver com ela, desde o início da adolescência. Amigos de 13 ou 14 anos já bebiam, fumavam, outros até mesmo chegavam a se drogar. No colegial, nada que não se pudesse evitar, mas chegando à faculdade, se tornou parte da minha realidade diária. Tentei não sair com quem bebia, tentei. Se fosse continuar levando esse meu bloqueio a pessoas “bêbadas” mais para frente, talvez estivesse sem amigos nesse momento. Enfim, apenas um comentário do “papel” que o alcoolismo exerceu na minha vida até os dias de hoje. Vamos ao que interessa.

Você aceita sua realidade?

Bares, baladas, festas em geral. Se faltou bebida, faltou animação. Tornou-se praticamente uma regra, uma essência do meio social. Alguns defendem que precisam ficar “loucos”(o termo mais popular) para perder a vergonha(se é no bom sentido, eu já não sei dizer rs). Outros, que só conseguem se socializar sob os efeitos do álcool. Alguns simplesmentem querem ficar “alegres”,. Mas será mesmo que esse mundo fantasioso é necessário, ou sequer existe?

Sempre tomo como exemplo a minha família. Meu pai nunca gostou de bebida, e minha mãe bebeu até uma certa idade, e depois parou. Não por isso deixaram de fazer novos amigos, se animarem, irem a festas, e etc. Com alguns tios, a mesma coisa. COMIGO, principalmente, posso dizer que nunca faltou nada disso.

O cérebro humano é muito complexo pra se depositar tudo em uma garrafinha com uma poção mágica. Somos muito mais do que uma máquina que funciona somente à esse tipo de combustível. Existem emoções que se ativam por meio de outras. A coletividade, por exemplo, traz um efeito muito grande em qualquer pessoa.

Pense no seguinte caso (e voltamos ao "As verdadeiras sitcom" aqui): assistir um filme de comédia em grupo, de preferência na casa dos amigos ou no cinema, e depois assistir outro filme de comédia sozinho. Enquanto no primeiro caso, mesmo que o filme seja um lixo, terá um acesso de risos, no segundo caso, provavelmente achará engraçado “por dentro”, mas não rirá da mesma forma. As pessoas à nossa volta é que transmitem energia, boa ou ruim.

Precisamos ser abertos a essas energias, para aproveitar tais momentos. Não é nenhum álcool que vai resolver sua vida. É a auto-compreensão, a tentativa, o desejo e o amor próprio.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O ponto de referência

"Tudo depende do ponto de referência", já dizia minha professora de física no colegial. E o de história, então? "Se Hitler fez isso ou aquilo, é porque no ponto de vista dele, estava correto". E quando eu achei que me livraria dessa sentença chata, o teatro (na parte de estudo da dialética) me faz usá-la outra vez: por que aquela personagem fez isso? Por que Paris atacou Romeu? E eu pensava: É CLICHÊ MAS É REAL, TUDO DEPENDE DO PONTO DE REFERÊNCIA!


Assisti ao filme "500 dias com ela" (excelente, por sinal), recomendação de uma amiga, e a história não me deixou muito bem. Não quero estabelecer nenhum texto sobre ele, mas só para seguir a linha de raciocínio: Um cara se apaixona por uma colega do trabalho. Ela não quer nada sério, mas eles começam a sair e as coisas não acabam bem. Não vou dar detalhes para não estragar o prazer de quem ainda não viu...Mas a questão é: O filme é triste, e mostra que o amor não é perfeito como dizem, e que as pessoas se machucam. E adivinhem o protagonista dessa história? O cara, obviamente. Dentro do "ponto de vista dele", o filme se desenvolve. As músicas, o ambiente e as câmeras ajudam a transmitir como ele estava por dentro diante da situação em que ele se encontrava. De certa forma, o espectador cria uma antipatia à moça que fez mal a esse personagem. E, na mesma direção, sente pena do que acontece com ele.

E agora eu me pergunto...Como seria esse mesmo filme se o protagonista fosse trocado? Se toda visão estivesse focada nela, e não nele? Uma atmosfera mais alegre, talvez. Os motivos dela seriam melhor entendidos, e ele provavelmente seria visto como um cara chato que não conseguiu seguir em frente quando as coisas não correram bem. Entendem onde quero chegar?

As pessoas, desde que começam a pensar e a entender melhor o mundo, são bombardeadas por um sonho. O sonho de serem únicas, de que todos admirem suas atitudes e que se tornem inesquecíveis, de alguma forma. E elas tentam, por toda sua existência, atingir essa meta.
Se protagonizar a própria vida já é difícil, como temos a pretensão de protagonizar a dos outros também?

Muitas vezes eu pensei, quando fui dispensado por uma garota, ou tive nota baixa em um trabalho de escola, ou mesmo fiz inimizade com alguém: "eles não sabem o que fazem, não têm capacidade de entender quem eu sou, interpretaram errado". Mas quem interpretou errado fui eu. Achar-se ideal não é ser ideal. E no caso da garota, o fato dela ser perfeita pra você não significa que você também é perfeito para ela. E quando nos tocamos disso, que somos apenas mais um, como qualquer outro, as coisas ficam ruins. E como ficam!

E ser mais um não significa que não devemos fazer nada da vida. O contrário disso, na verdade. Podemos não ser o melhor para os outros, mas e para nós mesmos? Se tudo depende do ponto de referência, sigamos a nossa referência! Nem tudo vai acontecer como queremos ou como achamos que devia ser, mas é assim que funciona. Por isso, pare de choramingar a sua perda, e continue sua vida. O mundo não vai te socorrer porque você quer que seja assim. E quanto mais cedo chegar a essa conclusão, melhor.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O riso em duas cores

Este é um texto que escrevi no começo de 2008. Ele foi feito para outro blog, o "morfogênese", mas o site acabou não dando certo. E para não perdê-lo...


O riso em duas cores

Depois de assistir o último Todo Mundo em Pânico, tive uma decepção muito grande. Do primeiro filme(que apesar de non-sense era engraçado), o título vem piorando cada vez mais. Piadas repetidas, humor de qualidade duvidosa, cenas sem a menor graça, resta mesmo rir das famosas paródias. Parece que conseguiram aglomerar uma porção de cena de outros filmes que não deram certo, e juntaram neste aqui.

Mas a postagem não é sobre filmes atuais, muito menos dessa década.

Ao pesquisar no acervo do blog Cinemacultura, decidi conhecer um pouco de Charlie Chaplin, um diretor/ator que muitos falam, mas poucos conhecem de verdade. Sempre me perguntei como é que alguém conseguia fazer um filme, que além de não ter cores, era mudo. Talvez funcionasse para os mais parados, eu imaginava. E que engano!

E já era de se esperar que eu começasse pelo mais famoso, pelo mais cobiçado e comentado MODERN TIMES(Tempos Modernos). Contemporâneo, Chaplie esteve a frente de todos os homens à sua época, quem dirá os de hoje. Nesta obra, definiu padrões que seriam “imitados” no cinema até a atualidade, desde ângulos de câmera até o formato de sua comédia crítica. E é aí que focalizo este post. O que programas e filmes do nosso tempo tentam com todo o apelo e humilhação possíveis, o branco e preto conseguiu fazer melhor. E não estou querendo soar conservador, antiquado, pseudo-intelectual ou qualquer coisa do gênero. Pelo contrário, de todos os filmes dessa época que assisti, esse foi um dos únicos que consegui acompanhar até o fim sem dormir. Pra que vulgarizar mulheres? Expor os pobres, os ignorantes, e até mesmo “brincar” com o racismo? Nunca fui desses que enxerga racismo em tudo, mas qualquer um sabe que o gênero da comédia é amplamente explorado em suas piores vertentes, hoje em dia, o conhecido “Humor negro”, deixando a faceta mais inocente em segundo plano, esta considerada “ultrapassada e sem graça”, para muitos. Pois desafio a todos: assistam meia hora de TEMPOS MODERNOS sem rir. Não é simplesmente o riso por si só que se encontra ali, mas toda a crítica a que se submete o contexto.

O tema

Assisti outro filme que aborda mais ou menos o mesmo tema, e que achei um saco, apesar de ser bem visto pela crítica em geral: Metropolis(Fritz Lang, 1927). O árduo trabalho do homem, que é exposto a uma vida “secundária”, em prol de uma minoria privilegiada. Não pretendo vincular meu post à nenhuma crítica social, e sim me manter no assunto COMÉDIA. Só citei a relação pra compararem as coisas.

Evolução ou involução?

Essa mudança de hábito talvez(?) tenha alguma relação com o nosso mundo de hoje, que obviamente mudou muito desde 1936. Outra mentalidade, outros padrões, outra história. Mas será mesmo que mudamos tanto assim? Será que esse filme, que é tão usado em discussões acadêmicas e no meio intelectual, está ultrapassado? Nao quero parecer trágico nem exagerado, mas o sucesso adquirido com as porcarias das quais rimos nos dias de hoje só me faz pensar que o ser humano está cada vez menor. E quanto.