quarta-feira, 17 de junho de 2009

As verdadeiras "sitcom"

The Big Bang Theory, How I met your mother, Friends, ou os brasileiros A Grande Família, Os Normais, Sai de Baixo. O que eles têm em comum, além do rótulo de situation comedy? Risadinhas manipuladas. Naquela situação boba, pela qual você jamais riria...Vem o famoso "HA-HA-HA-HA-HA"(o "saco de risadas", como é conhecido) de fundo, e qualquer um mergulha no bom humor imediatamente.



Estes são os personagens principais da sitcom "How I Met your mother"(Como eu conheci a sua mãe). Apesar de engraçado, muitas vezes percebemos que nosso humor está sendo controlado pelos "sacos de risada", e não pela piada em si. A história gira em torno de fatos extraordinários e além de nossa imaginação, como relacionamentos, brigas entre casais, festas de amigos e amor. Sim, a nossa realidade. O cotidiano de todos nós(ou da maioria), sem nenhuma grande diferença ou efeito especial que assuste. A partir daqui, entra o meu ponto, que se relacionará muito com o post A Cinematografia Real.


Clausura pessoal

Acho que não há muita necessidade em tirar toda a conotação das minhas palavras acima. Ironicamente, eu provoco: será mesmo que essas risadas são manipuladas e as piadas são bobas?
Uma "técnica" usada muitas vezes, nesses seriados, é a do Reductio ad absurdum, que é literalmente, reduzir alguma situação ao absurdo, de forma a mostrar a contradição nela vista. Nisto, uma simples piadinha boba pode nos deixar pensando algum tempo, sobre esse cotidiano que temos, sobre coisas que NÃO refletimos, ao declarar a obviedade, o tempo todo. Reduzir ao absurdo pra que nos toquemos do que realmente somos, e do que precisamos.

Acredito que todos vivemos no "automático", em boa parte do dia. Construímos algum tipo de personalidade, reações a certos "estímulos", e depois só reproduzimos a cena em diferentes ambientes. Isso se torna tão rotineiro e igual, que acaba ficando sem graça. SEM GRAÇA. Ao nos fechar nessa "sala", perdemos um grande sentido de tudo o que está a nossa volta, os momentos deixam de ter sentido, a graça de deixa de ser engraçada, a vida em si, passa de real, a filme. Como citado em "a cinematografia real", estamos deixando o fictício se tornar verdadeiro, e vice-versa. Ficamos chocados com os filmes, mas não nos chocamos com a realidade. Choramos com a morte de um personagem, mas não com a morte de um ser humano.

O que entra em ação nos "sacos de risada" dos seriados é muito mais que uma manipulação. É um estímulo ao coletivo. Se todos estão rindo, sua sala pessoal vai se desmaterializando. Seu mundo de problemas sem solução, suas crises, suas preocupações, tudo fica em segundo plano. Depois de algum tempo, nem dá mais para perceber essa tal risadinha, e o telespectador acaba se abrindo ao humor de uma forma muito ampla, percebendo os detalhes. Por que limitar essa liberdade apenas à TV?

Este mundo reproduzido nas piadinhas, esses personagens engraçadíssimos, eles existem. E COMO EXISTEM. Só nós é que não percebemos quão personagem somos, a cada novo momento de nossas vidas, com todos os humores, todos os papéis, todas as expressões, amores e ódios.

Eles nos imitam, não o contrário.