sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Que pílula tomar?

Elas apareceram em “Alice no País das Maravilhas” (Lewis Carrol). Foram idolatradas, copiadas. Muito tempo depois, reaproveitadas em Matrix. Entre um texto e outro, muitos autores desfrutaram de tal deixa para se deleitar em pensamentos filosóficos e críticos, especialmente a respeito da manipulação. Mas a premissa é a mesma: a metáfora de um mundo de uma “dura” realidade, paralelo a um mundo “imaginário”, no qual vive a maioria das pessoas.

Pode parecer estranho, depois de tanta complexidade que já depositaram nas famosas cápsulas coloridas, o tema que pretendo discutir: bebidas!

Talvez eu não seja a melhor pessoa do mundo pra dizer o que é beber, quais são seus efeitos, e se isso é bom ou não, porque nunca experimentei nem tenho vontade. Em meu about do site, já incluo na lista das coisas que não gosto, o álcool. Não pelos efeitos da moral e do conservadorismo, simplesmente nunca me atraí.

Mas tive de conviver com ela, desde o início da adolescência. Amigos de 13 ou 14 anos já bebiam, fumavam, outros até mesmo chegavam a se drogar. No colegial, nada que não se pudesse evitar, mas chegando à faculdade, se tornou parte da minha realidade diária. Tentei não sair com quem bebia, tentei. Se fosse continuar levando esse meu bloqueio a pessoas “bêbadas” mais para frente, talvez estivesse sem amigos nesse momento. Enfim, apenas um comentário do “papel” que o alcoolismo exerceu na minha vida até os dias de hoje. Vamos ao que interessa.

Você aceita sua realidade?

Bares, baladas, festas em geral. Se faltou bebida, faltou animação. Tornou-se praticamente uma regra, uma essência do meio social. Alguns defendem que precisam ficar “loucos”(o termo mais popular) para perder a vergonha(se é no bom sentido, eu já não sei dizer rs). Outros, que só conseguem se socializar sob os efeitos do álcool. Alguns simplesmentem querem ficar “alegres”,. Mas será mesmo que esse mundo fantasioso é necessário, ou sequer existe?

Sempre tomo como exemplo a minha família. Meu pai nunca gostou de bebida, e minha mãe bebeu até uma certa idade, e depois parou. Não por isso deixaram de fazer novos amigos, se animarem, irem a festas, e etc. Com alguns tios, a mesma coisa. COMIGO, principalmente, posso dizer que nunca faltou nada disso.

O cérebro humano é muito complexo pra se depositar tudo em uma garrafinha com uma poção mágica. Somos muito mais do que uma máquina que funciona somente à esse tipo de combustível. Existem emoções que se ativam por meio de outras. A coletividade, por exemplo, traz um efeito muito grande em qualquer pessoa.

Pense no seguinte caso (e voltamos ao "As verdadeiras sitcom" aqui): assistir um filme de comédia em grupo, de preferência na casa dos amigos ou no cinema, e depois assistir outro filme de comédia sozinho. Enquanto no primeiro caso, mesmo que o filme seja um lixo, terá um acesso de risos, no segundo caso, provavelmente achará engraçado “por dentro”, mas não rirá da mesma forma. As pessoas à nossa volta é que transmitem energia, boa ou ruim.

Precisamos ser abertos a essas energias, para aproveitar tais momentos. Não é nenhum álcool que vai resolver sua vida. É a auto-compreensão, a tentativa, o desejo e o amor próprio.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O ponto de referência

"Tudo depende do ponto de referência", já dizia minha professora de física no colegial. E o de história, então? "Se Hitler fez isso ou aquilo, é porque no ponto de vista dele, estava correto". E quando eu achei que me livraria dessa sentença chata, o teatro (na parte de estudo da dialética) me faz usá-la outra vez: por que aquela personagem fez isso? Por que Paris atacou Romeu? E eu pensava: É CLICHÊ MAS É REAL, TUDO DEPENDE DO PONTO DE REFERÊNCIA!


Assisti ao filme "500 dias com ela" (excelente, por sinal), recomendação de uma amiga, e a história não me deixou muito bem. Não quero estabelecer nenhum texto sobre ele, mas só para seguir a linha de raciocínio: Um cara se apaixona por uma colega do trabalho. Ela não quer nada sério, mas eles começam a sair e as coisas não acabam bem. Não vou dar detalhes para não estragar o prazer de quem ainda não viu...Mas a questão é: O filme é triste, e mostra que o amor não é perfeito como dizem, e que as pessoas se machucam. E adivinhem o protagonista dessa história? O cara, obviamente. Dentro do "ponto de vista dele", o filme se desenvolve. As músicas, o ambiente e as câmeras ajudam a transmitir como ele estava por dentro diante da situação em que ele se encontrava. De certa forma, o espectador cria uma antipatia à moça que fez mal a esse personagem. E, na mesma direção, sente pena do que acontece com ele.

E agora eu me pergunto...Como seria esse mesmo filme se o protagonista fosse trocado? Se toda visão estivesse focada nela, e não nele? Uma atmosfera mais alegre, talvez. Os motivos dela seriam melhor entendidos, e ele provavelmente seria visto como um cara chato que não conseguiu seguir em frente quando as coisas não correram bem. Entendem onde quero chegar?

As pessoas, desde que começam a pensar e a entender melhor o mundo, são bombardeadas por um sonho. O sonho de serem únicas, de que todos admirem suas atitudes e que se tornem inesquecíveis, de alguma forma. E elas tentam, por toda sua existência, atingir essa meta.
Se protagonizar a própria vida já é difícil, como temos a pretensão de protagonizar a dos outros também?

Muitas vezes eu pensei, quando fui dispensado por uma garota, ou tive nota baixa em um trabalho de escola, ou mesmo fiz inimizade com alguém: "eles não sabem o que fazem, não têm capacidade de entender quem eu sou, interpretaram errado". Mas quem interpretou errado fui eu. Achar-se ideal não é ser ideal. E no caso da garota, o fato dela ser perfeita pra você não significa que você também é perfeito para ela. E quando nos tocamos disso, que somos apenas mais um, como qualquer outro, as coisas ficam ruins. E como ficam!

E ser mais um não significa que não devemos fazer nada da vida. O contrário disso, na verdade. Podemos não ser o melhor para os outros, mas e para nós mesmos? Se tudo depende do ponto de referência, sigamos a nossa referência! Nem tudo vai acontecer como queremos ou como achamos que devia ser, mas é assim que funciona. Por isso, pare de choramingar a sua perda, e continue sua vida. O mundo não vai te socorrer porque você quer que seja assim. E quanto mais cedo chegar a essa conclusão, melhor.