quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Felicidade na bagagem?
É(foi) natal. Momento de alegria suprema, em que todos os familiares se reúnem, rezam, comem, trocam presentes, contam piadas, celebram o nascimento do "menino Jesus" e fazem aqueeela festa, que dá o maior de trabalho de limpar no dia seguinte.
O meu natal não foi muito legal. Prefiro não explicar com detalhes, basta dizer que boa parte dele eu passei no MSN. Surge aquele pensamento: "mas que nerd! Numa data como essas, no MSN?". Logo após este..."Ao invés de eu estar comemorando, eu estou no orkut! O que está acontecendo comigo?" Um sentimento de remorso me invadiu por meio segundo, até que eu me desse por conta da tolice cometida por ele. Desenvolverei.
Feliz aniversário!
Além do natal, o aniversário é também outra data condicionada à felicidade. Você acorda, e grita: É HOOOOOOOOJE! Sai pulando, toma banho, se arruma super bem, faz festão, convida os amigos, batem os mesmos papos, e quando acaba o assunto você diz: "ânimo, gente, porque hoje é meu aniversário!", como se todos fossem obrigados a se sentirem tão felizes quanto você por fazer mais 365 dias que sua existência marca um rg no mundo. O mesmo pensamento do natal surge na cabeça de alguns..."Hoje é meu aniversário, e eu tô jogando videogame...Que perda de tempo!", ou então "Eu não deveria ter feito uma festa enorme?" e tantas outras. Completamente normal.
Terminei a escola, po*********!
Outro evento de felicidade pré-determinada por datas. Em nossa formatura, estamos todos condenados a sentar, ouvir alguns discursos falsos, outros nem tanto, lágrimas das mamães e confete pra todo lado. Parece ruim, lendo nesse ponto de vista, mas pensem. A formatura só está simbolizando tudo o que já aconteceu. Você já chorou, já comemorou, já gritou. Aquilo é apenas uma repetição de tudo o que aconteceu o ano todo, com todos melhor arrumados, com mais gel no cabelo, e (se é que isso é possível) mais maquiagem nas menininhas. Se você não está animadão, aguente 439873498473 pessoas dizerem: "Que cara é essa, meu...É sua formatura!". Mais uma vez, nos vemos obrigados a abraçar a felicidade como se ela fosse bem vinda a todo momento. Repito, felicidade condicionada.
Enfim, eu poderia abrir mais uma tonelada de exemplos que mostram, que muitas vezes, o nosso padrão de vida acaba criando datas nas quais nós devemos ser mais felizes que as outras, mesmo que o momento não propicie o sentimento. Felicidade que deveria se dividir ao longo do ano, acaba sendo contida em apenas um dia, apenas algumas horas. E no dia seguinte, ela se vai, e a rotina vem à tona novamente. Encerro o post com uma conversa que tive com o Rodrigues(um amigo virtual) em meu aniversário do ano passado:
[Contexto: todos me desejando feliz aniversário no orkut, e vem ele:]
Rodrigues: Parabéns o caralho, vai tomar no c** AHAHAHAHA
Falando sério agora, tenta entrar nesse domingo, de noite mesmo, pra eu pegar a música.
Luiz(bem depois, no msn): Caramba, Rodrigues. Todo mundo me desejando feliz aniversário, e você, além de não fazê-lo, ainda vem pedir isso de música?
Damien: Pelo menos eu converso com você pelo resto do ano, esses aí que te deserajam feliz aniversário, provavelmente mal te conhecem.
Vai dizer que não faz sentido?
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Bagunça
Estudantes de medicina causam tumulto em pronto-socorro no Paraná
Foi o que ouvi, em alto e bom som, todos os telejornais noticiarem enquanto eu estava viajando, há alguns dias. Já não sei mais o que isso traz de pior: o fato deles estudarem medicina(que, teoricamente, faz com que seus alunos precisem de muita inteligência e conhecimento, reforçados ainda mais às vésperas de uma formatura), os possíveis incovenientes a todos os que lutavam pela cura naquele hospital, a comemoração idiota, ou a notícia que veio a seguir: "Estudantes de medicina causaram tumulto no PR se formam nesta sexta", apesar desta não ser novidade em nosso magnífico país de justiça.É com tal notícia que gostaria de introduzir mais uma opinião neste blog, que sempre carreguei comigo, em dois temas diferentes: o limite entre a diversão e a falta de respeito, e a outra face da moeda(que talvez nem seja tão oposta assim), que é a ausência de ambos, que será apresentada no próximo post.
Sem pensar!
Finalizei meus estudos no ensino médio há alguns dias, e como já citei em posts anteriores, terei boas memórias de toda vida escolar pelo resto de minha vida. Foram momentos dos mais diversos, desde madrugadas estudando física a destruições com um passo pro vandalismo(hahaha, quase) em sala de aula. Chegamos atrasados. Discutimos com professores, com alunos, batemos uns nos outros. O ser humano é civilizado em teoria, porque no convívio íntimo, acaba revelando tudo aquilo que nega: a violência, a ignorância, as atitudes dissimuladas, o desespero e a mentira. Talvez isso realmente faça parte de nossa formação, o famoso "errar para aprender", mas não entremos em questões profundas.
Se algo me irritava nos tais colegas da bagunça, era o fato da mesma ser estendida a qualquer um que passasse pela frente. Na visão deles, era motivo de riso humilhar o "nerd", o quieto, o feio e o que por ventura possuísse qualquer defeito(repetindo, na visão DELES). Isso em casos menores, para não mencionar o momento em que realmente chegaram a praticar vandalismo e foram punidos quase que imediatamente pela escola. Não me considero nenhum santo, mas sempre apliquei isso em minha vida: brincar com quem gosta de brincar, fazer tudo aquilo que, se lhe for devolvido, será suportado. Essa é a "bagunça" saudável, a que possui limites. Quebrou alguma coisa? Pague. Tirou sarro de um colega? Receba o mesmo e dê risada. A graça de tudo isso é que no final, deveríamos estar todos felizes. Mas já ouviram falar em bullying?
E o pior, é que alguns ainda não tinham consciência do que diziam. Zoar um "nerd" por ele ser estudioso é o cúmulo da ignorância, e pra mim alguém que o faz não possui valor algum. Acredito, que de certa forma, estes são privilegiados por sua grande vontade de obter maior conhecimento sobre as coisas. Só vejo um (grande) defeito nesses indivíduos, mas este se encaixa em "ausência de ambos", o segundo tema. Serão os "nerds" tão criticados que construirão nosso próximo computador, curarão a pior doença, e como diria Bill Gates, pagarão o nosso salário. Isso, em questão de apenas uma das "tribos", referindo-me apenas ao que eu via numa sala de 30 alunos. Se formos levar tais considerações a mais escolas, e quem sabe, no círculo social dos jovens em geral, o preconceito dominaria o assunto. E um preconceito burro(pleonasmo?).
Redação da Cásper Líbero - Internet
Evolução ou involução?
MSN, Orkut, Myspace e Blog. Termos oriundos de uma era tecnológica diversificada e constantemente renovada, têm invadido o vocabulário e a mentalidade desta geração. A internet, maior ferramenta de comunicação do século XXI, acaba fornecendo a seus usuários duas faces de uma mesma moeda.
Já não é mais uma utopia afirmar que praticamente todos nós podemos ter acesso a um computador com rede banda larga. O acelerado fluxo de informação somado à globalização que se alastra por todos os cantos do planeta nos trouxe um verdadeiro labirinto de conteúdos, verdadeiros ou não. Alertam os professores e especialistas que a internet não deve ser tida como um alicerce, mas uma ferramenta de auxílio, sem excluir, de forma alguma, a importância dos jornais, revistas, etc.
Ao entrar nessa grande biblioteca, opção é o que não falta. Existe uma vasta gama de sites para quem deseja se manter informado, podendo assim, beber de diversas fontes, estabelecendo comparações e tirando conclusões próprias acerca de tudo aquilo que foi lido, em visões diferentes. Afirma o americano David Weinberg: A era digital está quebrando a noção do conhecimento monopolizado pelos especialistas. Os internautas afirmam que a rede é um canal livre para fazer tudo: expor opiniões como bem quiser, debater sobre os mais diversos assuntos, divertir-se sem gastar ou sair de casa, conhecer pessoas. Por meio de fóruns, pode-se encontrar a utopia do livre arbítrio, tendo sua opinião lida sem medo da repressão, sob qualquer forma.
Entrementes,temos os que acreditam que a mesma rede serve apenas para minimizar mais ainda os anseios do jovem pela pesquisa, pelo esforço em se obter uma informação, reduzindo seu espaço a um único cômodo, conversando com pessoas na mesma situação.
Mark Bauerlein, professor americano e autor do livro "The Dumbest Generation"(a geração mais burra), acredita que em seu casulo tecnológico, o internauta acaba sendo privado de uma realidade fundamental, como se o mundo todo não existisse para quem está ali sentado em frente ao monitor. Perdido num círculo sem evoluções ou mudanças, este tende a desligar-se de tudo cada vez mais.
As opiniões são as mais diversas, mas a conclusão é a mesma: como toda ferramenta de auxílio, a internet possui grandes vantagens e desvantagens, devendo ser analisadas de forma a não prejudicar quem a utiliza, mas sim ampliar suas possibilidades de fonte, por fim alcançando maior conhecimento. É algo que pode abrir milhares de portas em um click, e fechá-las sem volta com outro.
sábado, 6 de dezembro de 2008
A cinematografia real

Lembranças sempre foram um recurso um tanto explorado no cinema, seja de forma simples, no caso de filmes com forte apelo emocional/saudosista, seja como fator histórico, ou mesmo a ficção científica, as famosas "voltas pelo tempo", e uma imensidão de coisas que só se limita à nossa imaginação pra lá de fértil. Mas o que eu não sabia, até pouco tempo atrás, é que não são só os filmes que se inspiram na vida real, ou que são influenciados pela mesma. Algumas pessoas encaram um cinema apenas como lugar para privacidade(usando a mesma da forma como preferir hahaha), ou um ponto de encontro, talvez um passatempo. Como já citei em um post, não sou nenhum cinéfilo, não entendo muito da história do cinema, menos ainda sei de nomes e da vida das personalidades do meio em questão. Porém, constantemente vejo minhas ações sendo influenciadas por frases, ao menos no que diz respeito à forma de pensar, vistas em cenas fortes, talvez com um propósito que vai além do próprio entretenimento. Não diria que são lições de vida, ou uma epifania de Clarice Lispector, mas boas mudanças, com certeza.
O tênue limite que distingue certas situações reais das filmadas com um diretor e atores em cena, às vezes me faz pensar que realmente vivemos num grande filme. Aliás, como alguns amigos meus já estão cansados de ouvir de mim, é assim que eu encaro as coisas: uma fantasia. Seria inocente dizer que é isso é uma teoria minha ou um pensamento pra lá de inteligente, pois não é. Apenas algo que escolhi para refletir certas coisas; As pessoas ao meu redor são como personagens contratados por mim, de personalidade a definir. Por ora, suas ações são influenciáveis, mas de tempo em tempo, eu mesmo acabo me vendo preso a esses personagens, com um presente inacabado e sem perspectiva.
O enredo
Por mais que você não queira, ou nem saiba que ele existe, toda uma história deve estar aqui, escrita por todos nós. Acredite ou não, nós é que fazemos tudo acontecer ou não. Sempre fui um pouco ausente de crenças e religiões, me apegando somente ao que considero certo e errado, e me baseando nisso para seguir nos caminhos escolhidos pelo resultado de tudo que conheço. Pode parecer um pouco prepotente, mas não sou ateu, nem me considero acima de ninguém. Simplesmente prefiro deixar a culpa para quem merece ser culpado. É muito simples deixar seus agradecimentos aos deuses e suas tragédias aos demônios. Tudo seria bem mais fácil se assim o fosse. Eu poderia estar atribuindo a culpa de meu blog ainda não ser famoso a qualquer nome, isso não mudaria o fato de que ela pertence a mim, ou (talvez!) ao pouco tempo de existência do mesmo.
Momentos
Um passeio com os amigos, um momento com a namorada, ou até mesmo uma desgraça que abalou muito. É óbvio que os filmes também retratam isso, pois é da vida que eles falam. Se houvesse outro "plano" pra se basearem, eu não teria motivo nenhum pra iniciar o post. Mas já notou que em algumas ocasiões, você tem até a impressão de que "decorou" suas falas? É o famoso "momento mágico" que todos nós temos(ou deveríamos ter), os que realmente deixam lembranças inesquecíveis e paisagens intermináveis. O sentimento que mais nos afasta da realidade, todos sabemos, é o amor. Pode parecer estranho este ser o segundo post no qual ele é citado(e seguido!), mas deixemos este fato de lado. Sim, as horas que você passa com seu amado(a), relatando tudo que tem vontade, dizendo maravilhas, prometendo a eternidade que nem uma vida pode lhe dar. É toda uma beleza, que para alguns é máscara. Como eu sempre digo, estar participando de um encontro romântico é "perfeito", parece que nada sai errado, e que seja lá o que a pessoa disser, é lindo, é especial. Mas já tentou "aguentar" ficar ao lado de um casal, sem ter relações com ele? É realmente engraçado, o "bobo" se torna maravilhoso e sentimental, o divertido vai bem além de uma risada. E não é uma crítica.
Enfim, é o que venho pensando nos últimos dias, como se não tivesse nada para ocupar meu próprio papel como diretor do filme. hahaha...Podemos mesmo vivenciar uma verdadeira obra de arte?
domingo, 30 de novembro de 2008
O caminho alternativo
Caminho alternativo
"Quando se segue o caminho alternativo
Seus suprimentos são insuficientes (ou lhe sobram)
Seu corpo lhe reserva dor
Seus olhos são seus melhores e piores amigos
Os melhores porque fazem enxergar a rota
Os piores, pois o resultado já se sabe
Quando se segue o caminho alternativo
As flores passam a mudar de um ponto
Deixam de exalar perfume
Delas, o que resta é apenas beleza
As lembranças te perseguem o tempo todo
Fazendo cada segundo dessa trilha parecer uma oportunidade de desistir
Mesmo sabendo que não haverá descanso, não haverá ressentimento
O caminho alternativo passa a tomar corpo, e com ele, sentimentos escassos e degenerados
Ao fim de tanto sofrimento e feridas, já se sabe que ele jamais fora caminho alternativo
Pois o outro caminho jamais existiu
Tanta luta, tanto tempo, tanto esforço, tanto sacrifício, tantas palavras.
É mais do que uma poesia, é mais do que história. Mas desta essência, acredito que ninguém ainda foi capaz de entender. "
Tá, pode ter ficado ruim, você pode ter não gostado, enfim: o significado dela pode se resumir a uma simples palavra - conformismo. Quando você sabe que vai estar na pior, sabe que não é aquilo que procura, MAS, acaba optando por esse caminho por uma série de fatores, da mais inútil preguiça, à incapacidade de cada um, etc.
Já encontrei muito disso em relações amorosas, e explico o porquê: ninguém sabe o que é amor, ou pra que ele serve. Ninguém sabe de onde ele vem, como vai embora(ou se ele vai embora), e porque influencia tanto nossas vidas. Músicas, poesia, filosofia e ciência(por que não a fé?), não necessariamente nessa ordem, já deixaram a sua mensagem - correta ou não - sobre o amor. Partindo desse princípio do desconhecido, muitos levam esse sentimento como um objetivo de vida, visando somente ter alguém ao seu lado, sentir isso por todos. A fuga de sua realidade é inevitável, muitas vezes penetrando num universo de fantasia e ilusão do qual dificilmente vai sair sem um bom psicólogo. O problema é que muitos se esquecem, como diz a 'sorte do orkut', que o primeiro amor é o amor próprio, e depois os outros. Disso, tem-se algo que algo que observamos em muitos casais por aí, o que me irrita profundamente(e você não se importa nem um pouco com isso, mas deixemos esse comentário de lado): "doar-se para o outro". Entregar-se de corpo e alma, fazer tudo pela pessoa amada, muitas vezes, sem que a recíproca seja verdadeira. Muitas vezes, no início de uma relação, desconhecemos o parceiro, de muitas formas. Isso acaba gerando, posteriormente, um grande sentimento de conformismo por parte de um dos dois: já está ali mesmo, namorando, com a 'pessoa amada'(mesmo sem saber dizer o que é amor, sempre!), sofrendo, mas continua querendo ficar com ela. Chegamos a um ponto em que você nem espera mais mudança alguma, ou já sabe o que vai acontecer, com a maior facilidade. E continua ali, insistindo no que não lhe beneficia, no que lhe destrói aos poucos, como se aquilo fosse a salvação de nossas vidas. Já me basta a religião que aflora nas mentes humanas, temos mais o amor pra lidar, com todas suas raízes, ora nutritivas, ora desgastantes, e essa balança é desigual. Sim, acredito que para amar(também não sei o que é amor, deixo claro) é fundamental que haja alguns sacrifícios, doar-se em partes ao companheiro, MAS NÃO A PONTO DE ESTRAGAR SUA PRÓPRIA VIDA, perder-se em meio a devaneios amorosos sem o menor sentido, enfim, acabar se desviando de tudo o que planejou até então. Afinal, todos temos um plano, não? Ou ao menos deveríamos ter, àqueles que não seguem a auto-estrada para o nada, um objetivo, meta, ou muitas. O amor não era pra ser uma coisa boa?
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Muito além do "single-serve"
Do título...
Talvez uma das visões do personagem principal do Clube da Luta(interpretado pelo brilhante Edward Norton) que mais tenha me chamado a atenção no começo do filme, os "single-serve" nada mais era que uma comparação inteligente entre os "pacotinhos" que recebemos no avião, de açúcar, sal...às amizades feitas no mesmo, que começavam e terminavam ali mesmo. Acho que nunca prestei tanta atenção num detalhe por tanto tempo assim. Isso é bem comum. Nada como se sentir íntimo de alguém que você acaba de conhecer, sabendo que jamais encontrará aquela pessoa em sua vida, ou mesmo que a probabilidade é bem baixa. Existem pessoas que se abrem, outras que preferem manter a distância num diálogo, jogando apenas dados e informações avulsas, como uma revista. que exibe apenas anúncios, deixando seu conteúdo de lado.
Talvez, uma de minhas maiores inquietações, que deu origem a um monte de textos sem sentido, poesias esquecidas, e até mesmo ao meu querido livro que não sei como dar continuidade, a relação entre duas pessoas, independente de qual seja: amor, amizade, coleguismo, relacionamento virtual(que eu não considero como nenhum dos anteriores), profissional, etc. O que, afinal, é se relacionar? Os diálogos de hoje se resumem a dispersar palavras, sem muita preocupação com o alvo ou todo o processo que envolve essa troca de informações(que na verdade, deveria ir muito além disso). Não sou nenhum formado da área, dificilmente teria uma explicação tão boa quanto a de alguém que estuda a relação entre as pessoas, mas como sempre nesse blog, explico o que eu acho e percebo em certos aspectos. Numa conversa entre homem e mulher, normalmente existe um único objetivo, que usa e abusa do meio "diálogo" para ser alcançado: conquistar a tal pessoa. Ou seja, a conversa mesmo acaba sendo uma ponte para algo, e não o contrário. Ela deveria ser valorizada como um momento em que entramos em contato com um outro, que vive em um corpo diferente e tem perspectivas diferentes. Sabe aquela sensação que todos têm quando vão de encontro a alguém famoso, ou conseguem apenas um "Oi" dessa pessoa? Então, por que apenas com essas pessoas, e não com todos? Conversar com o patrão é puxar o saco, conversar com a mãe é pedir dinheiro, com o professor é pedir conhecimento. Sempre em busca de um objetivo para desenvolver a si próprio, sob qualquer forma. A densidade dos papos que vemos por aí, prefiro não comentar muito. Para realmente entrarmos em contato com o outro, só se for no psicólogo, pagando. Já virou sinônimo de jogar informações, o outro receber, jogá-las fora e mandar as dele. Isso é praticamente um monólogo. De que adianta ouvir, se não desenvolver aquilo que foi ouvido?
Me add? Quero fazer novas amizades!
Temos ainda o fator "virtual e real". Pessoas desenvolvem "amizades" pela internet com muita freqüencia, principalmente após a chegada do orkut no Brasil. A adolescência dos scraps passou de tendência a obrigatoriedade. Hoje, todo mundo tem orkut, ou já teve(e tem vontade de refazê-lo, no caso). As brigas dos casais aumentou, à medida que a privacidade foi começando a ser deixada de lado. Aí, surgiram centenas(centenas mesmo) de amigos "single serve", mas não sei se esse seria o nome ideal, porque é algo diferente. Pessoas que te amam no primeiro encontro virtual, amigos que te consideram demais sem nem saber seu nome direito(muitas vezes, apenas parte dele, contida no seu nick) e toda uma vida falsa que se esconde nesse mundinho do monitor. Mas é diálogo que eu falo, não quero entrar na questão mais que batida da internalização do ser, nem da banalização do amor, etc etc. O que está levando as pessoas a transformar tudo isso num nada? Entrar no MSN e ter 309832487 contatos diferente, é algo que para alguns possa parecer motivo para orgulho, achando que são populares, e extremamente sociáveis, o que nada mais é que um grande número de single-serves que surgiram na internet, de papinho aqui e ali, e nunca mais. A preocupação em ser popular e conhecer todos é tão grande, que a pessoa não se toca, que na verdade, não conhece ninguém. Sabe nomes, provavelmente uma história ou outra, mas não conhece ninguém. Entra num enclausurado das informações que eu venho tanto citando aqui, que não servem pra absolutamente nada. Isso não é se relacionar, é criar um catálogo de informações alheias de utilidade duvidosa. Não é de se espantar que essas pessoas conheçam tantas outras. Se não nos satisfazemos com um, precisamos de muito mais. Justamente por não saber se aproveitar(no bom sentido) do mesmo. Se existe alguma coisa que une as pessoas é o diálogo. Entenda "unir" como estabelecer uma relação, e não um agrado surgido pela mesma(um diálogo também pode criar inimigos).
Enfim, esse meu monólogo já me deixou de saco cheio, comentem e vamos dialogar!
Ao som de Bloodbath - Treasonous
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Futilidade?
A moda hoje é dizer que tudo e todos são fúteis. O novo programa na TV é fútil, a apresentadora é fútil, o tema é fútil, e até o cameraman é fútil por focalizar regiões tão sem conteúdo(hahaha). De tanto ouvir essa palavra, ler, em tudo quanto é canal de comunicação, principalmente em fóruns de internet(leia orkut de uma vez), me inquietei.
Mas afinal, que raios significa ser fútil?
Segundo a grande enciclopédia dos semi-analfabetos(que eu uso freqüentemente, por sinal):
"Futilidades ou coisas fúteis são atividades, conversas ou sentimentos vazios que não levam a crescimento algum,também pode-se dizer que são informações sem conteúdo.Coisas sem conteúdo. A palavra futilidade se refere à falta de valor, sem importância, vulgar, banal, sem sentido, sem nexo, sem noção, vazio.
Ainda pode-se dizer que é: bobice, boboquice, chochice, frioleira, frivolidade, inânia, leveza, leviandade, levidão, ligeireza, ligeirice, nugacidade, nulidade, coisa sem valor, pequena; insignificância, ninharia, tolice, vaidade, vanidade, etc..."
Agora: pare e pense! "Falta de valor" é algo bem subjetivo. Ter valor pra uns não significa ter valor. Valores, diferenciais, enfim...Tudo aquilo que deve ser definido como prioridade e de extrema importância pra uns, com certeza pra outros não passam de fétida experiência perdida. Priorizar o seu conteúdo e o seu conhecimento, fará de outras coisas, com certeza, fúteis! Outras pessoas também. Sempre estive "envolto" de todo esse contexto, por gostar bastante de internet, e participar(quase sempre) de discussões nas quais o que prevaleve é a tentativa de subjulgar o "adversário", com o objetivo de humilhá-lo. Normalmente, tal "façanha" é obtida com ajuda do mestre google, provando que o "outro" desconhece tais valores, e por isso é fútil. Principalmente no orkut, deparei-me com uma situação engraçada...Que por sinal, foi o que me inspirou a criar esse post. Este é meu profile(clique) (isso não é auto-divulgação aeiuhuaei, logo entenderão o porquê de eu estar postando isso!). Como podem ver, sou fanático por fotos, e inclua nesse hobbie, os adjetivos "toscas, exageradas, posers", ou o que achar necessário. Pois bem: me classificaria como fútil ou não, após observar meu álbum? Aposto o que quiser, que 90% das pessoas diriam que sou extremamente fútil, que só ligo pro que a mídia fala, que sou ignorante e provavelmente mais um fã de psy que vai dançar sem pensar na vida, que só pensa em academia e em mulheres e todo aquele blablabla pseudo-intelectual inferiorizado de sempre. Já li muito disso, as pessoas costumam associar auto-cultuação a ignorância e futilidade...
Mas o que é futilidade?
Entramos em questões totalmente sem resposta ao tocar no assunto. Primeiramente, aquilo que lhe interessa é o que possui alguma relação com a realidade por você vivida. Se joga videogames, com certeza adorará conversar com alguém que goste também. Poderão passar horas e mais horas falando daquilo, se divertir, e quem sabe fazer uma amizade a partir disso. E aí, o papo foi fútil? Provavelmente, pra quem não é chegado num joystick(não levem pro lado que já devem estar pensando), dirá que foi. Agora colocamos dois ditos "intelectuais", discutindo a respeito do terceiro movimento da obra do músico Antonio Vivaldi, As quatro estações(minha favorita, e talvez a única que eu sei tocar direito). Eles farão citações, viajarão na maionese, mas não sairão daquilo: comentários acerca do que ouviram. Fútil? É claro que dirão que não. Mesmo os ditos fúteis dirão que aquilo é uma conversa de "nerd", e não uma coisa fútil, afinal, eles já se consideram assim. Agora voltem a pensar...O que diferencia alguém que discute videogames e alguém que discute música erudita? Qual a diferença? São gostos diferentes, para momentos diferentes e coisas diferentes. É muita hipocrisia para um lugar só, não entendo isso e talvez nunca entenderei. A sociedade é movida por valores altos e baixos que não fazem o menor sentido, a ponto de que algumas coisas são condicionadas a nível de "alto padrão", e outras, não significam nada. Falar de moda é fútil, não nos leva a nada. Por quê? Muitas pessoas se sentem felizes com uma roupa nova, mudam seu humor quase que instantaneamente. Gostam de ir às compras. O que há de errado nisso? Eu me sinto MUITO bem quando estou em casa ouvindo Miseration, Scar Symmetry, Metallica...Isso não acrescenta absolutamente nada ao meu eu "acadêmico", mas me faz bem. Estou sendo fútil nesse momento? O blog, as postagens...Sâo fúteis? Interessam a uns, mas não são nada para outros. Enfim, poderia passar horas citando exemplos aqui de que esse papo de fútilidade não faz o menor sentido. Por que a imagem no início do post? Eu poderia muito bem colocar uma foto da Luciana Gimenez ou da Mulher Melancia(o que é comum em todo lugar quando se fala em "futilidade") mas estaria entrando em contradição com todo o meu pensamento, portanto deixei algo que o fizesse valer por si só: uma interrogação.
O QUE É FUTILIDADE?
Obs.: como bem observado pela minha amiga Helena, e antes que outros perguntem, vou deixar um esclarecimento.
"Mas o que me irrita profundamente é saber que existem indivíduos cuja única certeza é o que o presente lhe reserva, por mais fútil que seja."
Soa meio contraditório, após tantos comentários acerca da futilidade. Mas como eu mesmo disse, o que é fútil pra uns, pra outros não é, e cada um leva um objetivo em vida, certo? Ou muitos deles. E o que realmente eu considero "fútil" é não ser ninguém, é não fazer nada, é deixar tudo acontecer sem mover um dedo para mudar. Porque isso não é uma opinião. Isso é não ter uma.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Auto estrada para o nada

Quem aí nunca caiu nos clichês da filosofia barata "quem sou eu? Por que estou aqui?" e os grandes jargões deste meio um tanto "discutível"? Contentar-se com a própria existência é quase improvável(ao menos para muitas pessoas), o ser humano precisa de mais alicerces para estabelecer uma vida, precisa de raízes, e de conhecimento, inato ou não.
Alguns encontram respostas na religião, outros, no óbvio, talvez por medo de se aprofundar, e enfim, a ciência que (quase) tudo explica. O importante é manter-se aliado à alguma dessas respostas, em busca de um valor pelo qual faça sentido estar aqui. E já vi/ouvi milhares de respostas para isso, e a principal delas é o amor. Viver por amor! Um infinito de incertezas e nebulosidades, onde tempo e espaço se tornam quase que "à parte" de tudo. Alguns vivem pelo sucesso, pelo reconhecimento e pelo valor perante a sociedade. Mas o que me irrita profundamente é saber que existem indivíduos cuja única certeza é o que o presente lhe reserva, por mais fútil que seja. Aqueles que não se preocupam com nada além do quão inútil conseguem ser para o mundo. Em suma, pessoas vazias. Não entra em minha cabeça,que dentre tantas possibilidades de carreira, de estilo de vida, de pensamentos, a qual nos acometemos durante todo nosso processo de desenvolvimento, que ainda existam seres incapazes de tomar essas decisões, estando aptos a viverem num ócio eterno, como animais irracionais que apenas aguardam o próximo passo de algo que nem eles mesmos entendem o que significa, e não querem entender também. Enfim, apenas um desconforto de minha parte, que terminarei postando uma letra de minha autoria, da banda Death Whisper(sou vocalista :D, quando tivermos o primeiro álbum gravado, postarei aqui), que tem tudo a ver com o assunto citado, cujo nome é o mesmo do título do post.
Highway to Nothing
"(Corra, corra
Corra, seu nada
Corra, este caminho lhe persegue
Eles fizeram a tua estrada, segue-a)
A resposta, eu não achei
Meus desejos, jamais me preocupei com eles
A vitória, por que a desejar?
Se tudo isso vai apenas nos matar, matar, matar!
A vida, presenciei na TV
Com a vida, jamais me noticiei
Na vida, não fiz valer a pena
Quem sou? Não me faça responder!
(Corra, corra
Corra seu estúpido
Eles queriam a tua estrada
Mas não a fizeste)
Minha família, meus amigos
Partes de um jogo que não joguei
Meu hino de glória que não cantei
Sumam de mim!
Num mundo tão insano
Criaturas insanas
Sou um grande ninguém
Escravo de mim mesmo, do nada
(Corra, corra, corra seu desgraçado!
Aqui se faz, aqui se paga
E agora você deve morrer)
Pensei que eu jamais existi, nem vivi
Façam o que não fiz, tomem corpo e alma para tudo
Vazio era a estrada que trilhei, agora deixarei este lugar
Você é meu único, meu precioso
Meu filho
Não! Não! Não!
(Corra, corra
Você deixou um filho
A auto-estrada para o nada ele seguirá, se for covarde
Mas apenas ele mesmo saberá dizer quem é)"
-
P.S.: Christian Alvestam, o fodástico ex-vocalista da banda Scar Symmetry(death metal melódico, e um pouco de progressivo também), anunciou recentemente sua nova "full-time band", cujo nome provém do nome de uma das músicas de sua outra(ele tem muitas) banda, Unmoored: Solution.45 é o sonzaço que promete garantir o espaço que Christian merece, com seu talento brilhante no meio musical! Para quem quiser conferir, aí está o som, num teaser postado no myspace dos caras: http://www.myspace.com/solution45
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Retomando passos
É comum ter uma idéia para escrever, e em seguida procurar uma foto inspirada nisso, para uma postagem. Mas interessante mesmo, é quando acontece o contrário, e uma imagem como esta acima, despertando alguns pensamentos, e talvez, meu primeiro "diário global" aqui do blog.
Olhar para trás. Tudo aquilo já foi seu algum dia. Todos aqueles amigos, todos aqueles momentos, momentos de raiva e até mesmo solidão(e como diz essa comunidade no orkut...), que a qualquer momento são trocados por uma realidade totalmente nova.
Essa é minha situação atual, fim do conhecido "terceirão"(que de "ão" não tem nada). Apesar de não ter criado nenhum laço muito forte com ninguém, muito menos nenhum amor(minha ex-namorada era de outra escola, por sinal), fica evidente o impacto que me traz saber que todo esse contexto de mais de 10 anos, com as mesmas caras e chatisses, venha a se modificar totalmente daqui pra frente. Repare que não estou situando tudo como algo bom ou ruim, apenas analisando o fato.
Empregos novos, cidade nova, escola nova, mulher nova!...Todos passamos por isso, ao menos uma vez na vida. Uma existência em plena mesmice é desperdício. Se até os intelectuais da literatura jamais se contentam com as escolas, e retomam valores, adicionam novos, evoluem(ou não), revolucionam...Tudo porque vivemos em constante mudança pessoal, sem exceção. Não existe esse papo de que apenas os inteligentes ou os que se julgam superiores é que sofrem tais "mutações". De formas diferentes, é claro. Todos vivemos em constante deformação do estado original, ou como em "Clube da Luta": "Eu morria todas as noites. E todas as noites eu renascia. Ressuscitado." E dessas mudanças, resultam num diagnóstico, a forma e o valor do ser. O indivíduo, por si só, com suas múltiplas mudanças de humor, seu olhar pífio, ou o que caminhar cambaleando.
Vale ressaltar que todo o processo é de apenas uma vida, portanto, cada "pedacinho" dele compõe o que você é. Como na fabricação de um carro ou qualquer outra coisa. A correlação íntima de todas as nossas estações devem entrar em sintonia com o presente. Muitas pessoas se esquecem de como alcançaram o que são hoje, ou como chegaram ali. E não importa se isso é uma ascensão ou uma enorme queda. Ambas são apagadas pelo tempo. Muitas vezes nos deparamos com situações nas quais o desespero aprofunda a reflexão psicológica: Por que eu? Que culpa eu tenho?
Administrar as nossas estações tendo como instrumento apenas o que tomamos no café, o dia de trabalho e o que passou na tv, pode parecer comum a qualquer pessoa, que por sinal está sempre reclamando da "rotina". Vê-se que muitas vezes, repassamos tudo de novo, e de novo, sem aprender. Não acredito em destino nem em "lições", mas tenho plena consciência de que errar é humano e errar duas vezes é burrice.
Vou até reler meu primeiro post agora. :)
domingo, 16 de novembro de 2008
O ônibus - introdução
Agora, aos 20, faltando apenas um semestre para finalizar a graduação em jornalismo, pretendo continuar com o projeto.
"Chamaram-me de ousado e de criativo ao conceber um nome a este livro, e a seguir, explicá-lo. Essas mesmas pessoas, após saber que tudo foi levado a sério, tacharam-me de louco e de sonhador. A certo ponto da escrita, e mesmo na introdução, cheguei a pensar que talvez fosse verdade, um garoto de 17 anos não escreve livros, estuda pro vestibular. Ah, o vestibular!
E a cada página, tudo transparecia, e admito: nem eu estava certo do fim disso tudo. Mas já que estava ali, posto a escrever, por que não continuar? A idéia me pareceu interessante, e não é a primeira vez que me indago a respeito. Ao meu ver, tudo que vejo, respiro e até mesmo sinto, é algo que pode ser posto no papel. Tudo que percebo, é algo que deve ser mostrado a todos. Jamais parei pra pensar se aquilo realmente traria impacto a alguém, pois as idéias são chamas em nossas cabeças que podem ser nada mais do que cinzas no mundo afora. Um ônibus, qual o significado disso? Por que tanta preocupação, tanto desvio de pensamento?
Acho que todo o sentido disso tudo começou de uma forma inocente e sem objetivos. Classe média, morando quase que literalmente "no quinto dos infernos", menor de idade, sem carro. O transporte coletivo era inevitável, e a paciência para tal, um tanto indesejada, nem tanto.
E desde meus 11 ou 12, sem certeza, eles são meio de locomoção para mim, mas o que demorei a perceber, é que não era apenas isso. Um meio social, um tubo de ensaio para estudo aprofundado, ali em constante transparência, mas parece que ninguém percebe. Passei a levar lápis e papel em todas as minhas "viagens", e anotar o que vinha em mente. Nada muito concreto, às vezes poesias, outras vezes o comportamento de algumas pessoas, mesmo sem ter certeza. Um hobbie, uma distração para ver o tempo passar.
Com praticamente um ano "brincando" dentro desse ônibus, vi que minhas anotações ultrapassavam um caderno, repleto de desenhos e análises sem sentido algum, mas algo chamou a minha atenção de forma a dar um sentido a todo o resto: a comunicação entre quem estava ali, as ações e as reações desencadeadas por tudo, desde um sorriso até um "pisão", ou o choro de uma criança. Fui mais específico, e tive a vontade de interagir com o cenário daqueles pensamentos que me prendiam tanto. Era hora de conversar, hora de experimentar.
Nas semanas seguintes, mais e mais anotações, sei que incomodei muitas pessoas desde então! Pensei em coisas para perguntar, mas nada muito planejado, afinal iria contra tudo aquilo que estava imaginando.
Logo, percebia não ser muito bem atendido por essas pessoas. Alguns ignoravam, outros, como meus amigos, chamavam-me de louco e sonhador, mesmo sem saber bem o meu propósito final, que acredito nem ter sabido na época, mas o meio já me alimentava a curiosidade de seguir em frente. E algo era evidente, tanto no contato físico quanto na conversa com todos eles: as pessoas não gostam uma das outras. Todas ali, a 30 cm de distância, num ônibus lotado, mas a única preocupação é com o tempo, é com o destino. Ah, tempo, se eu pudesse acabar com você! Tudo pensando em você, tudo feito em seu nome, tudo destinado à sua "vontade". Não posso ver mais TV porque o tempo não me permite. Preciso estudar porque tenho pouco tempo. Não posso mais conversar pois o tempo é curto. Por quê?
Assim foram algumas horas e alguns dias num período "pré-livro", até que mais uma coisa me chamou a atenção: Um garotinho, de menos de um metro e meio, cuja mochila parecia maior que seu próprio corpo, com ar de distraído, e expressão indiferente, por ora alegre. Era a pessoa perfeita para minhas anotações. Mas a conversa foi diferente, e ele pareceu muito interessado em tudo, até pediu pra desenhar em uma folha e fazer aviões de papel. Divertiu-se comigo. Falou de sua breve existência, dos pais, de tudo que podia lembrar, enfim, parece ter gostado de mim. Ou ao menos, parecia não estar preso como os outros. Era como uma cadeia, em que todos estavam algemados e ele estava em liberdade. Ele possuía a essência, a vibração e o olhar de alguém que não tem compromissos com nada e nem com ninguém. Ainda sem compromisso com a sociedade, talvez, mas existem pessoas assim que não dão a mínima pra ninguém, também. O que faz as pessoas se acorrentarem, o que lhes tira a liberdade? Por que evitar os outros? Já parou pra perceber, mesmo quando você encosta sua mão por engano em alguém no ônibus, logo eles se afastam e olham estranho. E isso vem desde a infância, com a velha frase, "não fale com estranhos". Uma doença social, eu diria, e pior, hereditária. As pessoas são ensinadas a evitar seus semelhantes, por medo, por insegurança. São obrigadas a se fechar em sua sala com seu dinheiro e com aqueles que ajudam a obtê-lo, muitas vezes com poucos laços verdadeiros, afastando-se cada vez mais do seu objetivo, por mais diferente que seja em cada vida. E pretendo desenvolver este tema abordado, com um garoto, Murilo. Alguém que passará por uma situação semelhante a minha, sem saber aonde está, nem pra onde vai, mas crescendo e desenvolvendo suas idéias, da forma mais simples possível."
Histórias!
Ah, a terceira idade! Como prometido na postagem anterior, será o tema desse meu texto. Já adianto que, apesar de certas conturbações e reviravoltas multipolares, como costumo dizer, desfruto de minha adolescência e desse grande período de minha vida, como qualquer outro. Só tenho a aguardar sem temor, e esperançoso, por esta nova fase, e explicarei o porquê.
Ser "velho", na maioria das perspectivas, é ter roupas que cheiram a mofo, pentear-se à moda de 50 anos atrás, assistir novela do SBT e Silvio Santos(e agora, ainda temos a Maísa pra completar o ciclo diário de televisão), fazer bolo e dar mesada pro neto. Existem casos, inclusive, como não é nenhum escândalo afirmar, de agressão a idosos, maus tratos por parte dos familiares, descuidos, e até mesmo o abandono nos famosos "asilos". Outros, apenas aguardam pela cova do indivíduo, na busca de uma herança. Como na outra postagem, afirmo que todas as fases de nossa vida são extremamente importantes, e se valessem menos ou mais que outras, simplesmente não deveriam existir, ou então, serem únicas. E nessa fase, é que encontramos as mais preciosas histórias, lições de vida, experiências jamais compartilhadas por alguém mais novo, conselhos, análises e uma nova percepção do mundo, com base em tudo isso.
Certamente podemos avaliar o conteúdo de um adolescente da Era-Créu, oscilando entre suas peripécias de pegador, toneladas de supino e futebol, abrangendo todo seu conhecimento num potinho de colher urina, e ainda sobra um bom espaço. E esses, são os que muitas vezes ignoram, crescem e mandam para o inferno aqueles que os criaram. Mal sabem que o futuro lhes reserva semelhante passagem.
Acho que a melhor forma de cativar uma pessoa é contar histórias. Viajar épocas, reviver momentos, e passar aquilo que jamais será passado com tamanha realidade à junventude de hoje(noooossa haha), faz parte do papel de um "senhor". Ou pelo menos, fará parte do meu papel daqui alguns(muitos) anos. Nada melhor que unir tais épocas, como insistem os historiadores : "Compreender o passado para entender o presente, e analisar perspectivas para o futuro, esse é o objetivo da história".
O que seria de nós sem uma história? Sem páginas de um caderno, rabiscadas e amassadas? A humanidade gira em torno de um meio, e desse meio, surgem os fatos, as lendas, as crônicas. Destes, os filósofos, os poetas, os músicos, os escritores, e até mesmo os desocupados "blogueiros". :p
Acredite, aquela velha insuportável que só sabe reclamar de dor na coluna e da última receita da Palmirinha, pode lhe ser uma grande aliada para a vida. Sei que parece meio careta, besta ou utópico, mas não é. "Unir as linhas de nossa história", como diria sr. Slim: REFLITÃO!
Ponha-se em seu lugar!
sábado, 15 de novembro de 2008
A certeza do comum

"Pessoas comuns sempre existiram, e sempre existirão. Por todos os lados: na padaria, pessoas comuns comprando pães comuns para um lanche comum de uma família comum. Isso nunca foi um problema, até o dia em que alguém comum viu que o vizinho da direita comprava pães iguais aos seus, e isso começou a incomodar. Passou a ser incomum, comprando o que o vizinho do lado esquerdo comprava. Já esse vizinho, achava comum ter pães igual ao primeiro, logo decidiu comprar bolo. Mas bolos eram até difíceis de serem encontrados, tamanha a procura por outros vizinhos, que por sua vez queriam para se diferenciar dos pães. Após algum tempo, os padeiros sequer pronunciavam a palavra "pão", já que ninguém o queria mais, afinal era "comum". Até que o mesmo alguém do começo da história percebeu que seu incomum era na verdade comum, e tudo começou novamente, agora com bombons. O ciclo não parava, mas ninguém percebia que tudo aquilo era apenas para comer, e não fazia diferença alguma. O que os tornava diferente, ao mesmo tempo os tornava iguais. A tentativa de fugir de uma realidade comum, nos traz a outra realidade comum. É um ciclo, que na verdade não existe, ao menos para quem não precisa dele. Concluo que ser comum é ser diferente à sua moda, é imitar o vizinho sem conhecê-lo, é cantarolar as notas do assobio da filha no trabalho, é querer o jogo de videogame que ainda não saiu. Você quer ser incomum?"
Com a imagem de Forrest, procurei representar o ser incomum ao seu tempo, indiferente(consciente ou não) aos padrões e dogmas da sociedade em que é obrigado a viver, enfim, o alguém incomum. São esses que movimentam o mundo, criaturas com defeito de fabricação que fazem toda sua "leva" ser modificada, que dão reviravoltas inesperadas, e muitas vezes bruscas.
Sobre o site e o autor
Contato: luizf.toledo@live.com
Read my articles in english: http://luizftoledo.blogspot.com.br/search/label/Translated%20articles
Reconhecimento/prêmios
2017 - 2º e 3º lugares no Prêmio Estado de Jornalismo, pelas seguintes reportagens:
2º lugar - http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,gestao-doria-dificulta-acesso-a-dados-e-viola-lei-de-acesso-a-informacao,70002075921
3º lugar - http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,justica-mantem-internacao-mesmo-apos-alta,70001900765
http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/396837/sujou-o-tenis-eu-lavo-deixou-bagunca-eu-arrumo
Gestão Doria dificulta acesso a dados e viola Lei de Acesso à Informação
http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,gestao-doria-dificulta-acesso-a-dados-e-viola-lei-de-acesso-a-informacao,70002075921