segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Muito além do "single-serve"


Do título...
T
alvez uma das visões do personagem principal do Clube da Luta(interpretado pelo brilhante Edward Norton) que mais tenha me chamado a atenção no começo do filme, os "single-serve" nada mais era que uma comparação inteligente entre os "pacotinhos" que recebemos no avião, de açúcar, sal...às amizades feitas no mesmo, que começavam e terminavam ali mesmo. Acho que nunca prestei tanta atenção num detalhe por tanto tempo assim. Isso é bem comum. Nada como se sentir íntimo de alguém que você acaba de conhecer, sabendo que jamais encontrará aquela pessoa em sua vida, ou mesmo que a probabilidade é bem baixa. Existem pessoas que se abrem, outras que preferem manter a distância num diálogo, jogando apenas dados e informações avulsas, como uma revista. que exibe apenas anúncios, deixando seu conteúdo de lado.

Talvez, uma de minhas maiores inquietações, que deu origem a um monte de textos sem sentido, poesias esquecidas, e até mesmo ao meu querido livro que não sei como dar continuidade, a relação entre duas pessoas, independente de qual seja: amor, amizade, coleguismo, relacionamento virtual(que eu não considero como nenhum dos anteriores), profissional, etc. O que, afinal, é se relacionar? Os diálogos de hoje se resumem a dispersar palavras, sem muita preocupação com o alvo ou todo o processo que envolve essa troca de informações(que na verdade, deveria ir muito além disso). Não sou nenhum formado da área, dificilmente teria uma explicação tão boa quanto a de alguém que estuda a relação entre as pessoas, mas como sempre nesse blog, explico o que eu acho e percebo em certos aspectos. Numa conversa entre homem e mulher, normalmente existe um único objetivo, que usa e abusa do meio "diálogo" para ser alcançado: conquistar a tal pessoa. Ou seja, a conversa mesmo acaba sendo uma ponte para algo, e não o contrário. Ela deveria ser valorizada como um momento em que entramos em contato com um outro, que vive em um corpo diferente e tem perspectivas diferentes. Sabe aquela sensação que todos têm quando vão de encontro a alguém famoso, ou conseguem apenas um "Oi" dessa pessoa? Então, por que apenas com essas pessoas, e não com todos? Conversar com o patrão é puxar o saco, conversar com a mãe é pedir dinheiro, com o professor é pedir conhecimento. Sempre em busca de um objetivo para desenvolver a si próprio, sob qualquer forma. A densidade dos papos que vemos por aí, prefiro não comentar muito. Para realmente entrarmos em contato com o outro, só se for no psicólogo, pagando. Já virou sinônimo de jogar informações, o outro receber, jogá-las fora e mandar as dele. Isso é praticamente um monólogo. De que adianta ouvir, se não desenvolver aquilo que foi ouvido?

Me add? Quero fazer novas amizades!

Temos ainda o fator "virtual e real". Pessoas desenvolvem "amizades" pela internet com muita freqüencia, principalmente após a chegada do orkut no Brasil. A adolescência dos scraps passou de tendência a obrigatoriedade. Hoje, todo mundo tem orkut, ou já teve(e tem vontade de refazê-lo, no caso). As brigas dos casais aumentou, à medida que a privacidade foi começando a ser deixada de lado. Aí, surgiram centenas(centenas mesmo) de amigos "single serve", mas não sei se esse seria o nome ideal, porque é algo diferente. Pessoas que te amam no primeiro encontro virtual, amigos que te consideram demais sem nem saber seu nome direito(muitas vezes, apenas parte dele, contida no seu nick) e toda uma vida falsa que se esconde nesse mundinho do monitor. Mas é diálogo que eu falo, não quero entrar na questão mais que batida da internalização do ser, nem da banalização do amor, etc etc. O que está levando as pessoas a transformar tudo isso num nada? Entrar no MSN e ter 309832487 contatos diferente, é algo que para alguns possa parecer motivo para orgulho, achando que são populares, e extremamente sociáveis, o que nada mais é que um grande número de single-serves que surgiram na internet, de papinho aqui e ali, e nunca mais. A preocupação em ser popular e conhecer todos é tão grande, que a pessoa não se toca, que na verdade, não conhece ninguém. Sabe nomes, provavelmente uma história ou outra, mas não conhece ninguém. Entra num enclausurado das informações que eu venho tanto citando aqui, que não servem pra absolutamente nada. Isso não é se relacionar, é criar um catálogo de informações alheias de utilidade duvidosa. Não é de se espantar que essas pessoas conheçam tantas outras. Se não nos satisfazemos com um, precisamos de muito mais. Justamente por não saber se aproveitar(no bom sentido) do mesmo. Se existe alguma coisa que une as pessoas é o diálogo. Entenda "unir" como estabelecer uma relação, e não um agrado surgido pela mesma(um diálogo também pode criar inimigos).
Enfim, esse meu monólogo já me deixou de saco cheio, comentem e vamos dialogar!

Ao som de Bloodbath - Treasonous

8 comentários:

  1. siiiim, irei postar. Mas nao estou tendo tempo . Época de prova e to correndo atras do tempo perdido >.< hahahaha

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  2. Os diálogos produtivos são ótimas fontes de conhecimento ,além de ajudar a conhecer a si mesmo. Foi assim na Grécia antiga, e na Europa com os iluministas.Mas com o passar do tempo , o capitalismo foi mais selvagem, e o diálogo se tornou ,para muitos, um artifício para conquistar algo. Hoje é comum desconfiar de alguém que esteja dialogando com você.
    EXs:
    "Esse puto ta falante demais, ele vai me pedir dinheiro"

    "Nossa que xaveco páia , pq ele num fala que quer ficar comigo"

    "Esse cara é viado, ta falando de porra de amor comigo, acho que ele peida na farofa!"

    Como no livro a "luneta mágica" ,de Joaquim Manuel de Macedo, muitos dos homens estão usando as lentes que enxergam o mal,de Sim plício; sendo que poucos enxergam o mal maior que habita na mente, essa que apaga as esperanças de um mundo melhor.

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  3. Pra começar, meu filme favorito é clube da luta. Sou uma verdadeira fanática e todos os meus amigos sabem que meu sonho de consumo é o Tyler, tanto na pele do Norton quanto na do Pitt.

    E quanto aos single-serves, concordo plenamente com tudo o que você disse. Hoje em dia é tão fácil se considerar amigo de alguém, e entre adicionar uma pessoa no orkut a dizer um 'eu te amo' é apenas um passo. Graças a Deus nunca fui superficial e meus 'eu te amos', assim como depoimentos de orkut e demonstrações públicas de afeto, ficam restringidos a um número muito pequeno de pessoas.

    Também já escrevi livros, tenho no mínimo uns 5, e apenas um foi terminado. Acabo enjoando dos personagens, do enredo, apesar de as poucas pessoas que lerem terem achado tudo muito bom. Enfim, talvez seja coisa da idade e um dia vou ser uma boa escritora, assim como tenho certeza que você será também. E se Deus quiser, disputaremos o Nobel da literatura. Boa sorte pra você, porque você vai precisar x)

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  4. Oi, Luiz!

    A sua crítica está ótima: também não concordo nessas amizades virtuais que só vizam quantidade de amigos e cliques. Acho que isso não acrescenta nada na vida de ninguém. Por outro lado, por estar há pouco mais de 1 ano na blogosfera, consegui conhecer muita gente bacana e criar uma amizade interessante. Temos que separar o joio do trigo.

    Abraço,

    =]

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    http://cafecomnoticias.blogspot.com

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  5. aaaa sorte a sua !
    nao vejo a hra de temrinar tb :/
    postei jaa :P

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  6. É, realmente deve ter um chat, mas em matéria de blog devo ser mais leiga que você ainda. Comentei no teu outro post, também gostei bastante. Você tem umas sugestões de blogs legais? Tô afim de ler algo que saia da mesmice.

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  7. tenta esse:

    http://carnivaldiablos666.blogspot.com/

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  8. bom texto..bem simples(Apesar d ser longo...)

    parabéns;;;..

    http://lg7fortalezace.blogspot.com/

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