sábado, 15 de novembro de 2008

A certeza do comum

Darei início a esse post com um texto muito velho, que escrevi em minha antiga "comunidade" no orkut:

"P
essoas comuns sempre existiram, e sempre existirão. Por todos os lados: na padaria, pessoas comuns comprando pães comuns para um lanche comum de uma família comum. Isso nunca foi um problema, até o dia em que alguém comum viu que o vizinho da direita comprava pães iguais aos seus, e isso começou a incomodar. Passou a ser incomum, comprando o que o vizinho do lado esquerdo comprava. Já esse vizinho, achava comum ter pães igual ao primeiro, logo decidiu comprar bolo. Mas bolos eram até difíceis de serem encontrados, tamanha a procura por outros vizinhos, que por sua vez queriam para se diferenciar dos pães. Após algum tempo, os padeiros sequer pronunciavam a palavra "pão", já que ninguém o queria mais, afinal era "comum". Até que o mesmo alguém do começo da história percebeu que seu incomum era na verdade comum, e tudo começou novamente, agora com bombons. O ciclo não parava, mas ninguém percebia que tudo aquilo era apenas para comer, e não fazia diferença alguma. O que os tornava diferente, ao mesmo tempo os tornava iguais. A tentativa de fugir de uma realidade comum, nos traz a outra realidade comum. É um ciclo, que na verdade não existe, ao menos para quem não precisa dele. Concluo que ser comum é ser diferente à sua moda, é imitar o vizinho sem conhecê-lo, é cantarolar as notas do assobio da filha no trabalho, é querer o jogo de videogame que ainda não saiu. Você quer ser incomum?"

Com a imagem de Forrest, procurei representar o ser incomum ao seu tempo, indiferente(consciente ou não) aos padrões e dogmas da sociedade em que é obrigado a viver, enfim, o alguém incomum. São esses que movimentam o mundo, criaturas com defeito de fabricação que fazem toda sua "leva" ser modificada, que dão reviravoltas inesperadas, e muitas vezes bruscas.

Mas voltando ao contexto anterior, no dia-a-dia: todo esse conceito de diferente pode ser observado nas famosas "tribos": pessoas que, ao notarem que são comuns, procuram se afastar de um "todo", e partir para uma "diferença. O problema é que não é só um indivíduo que pensa assim, mas muitos, o que os torna iguais. Será que não percebem que a diferença não está no modo de se vestir, ou no estilo de música que prefere? As diferenças vão muito além disso. Estão na concepção de um mundo, no tipo de olhar e nos caminhos escolhidos. Nem sempre a diferença nos aproxima da perfeição. Qual é a sua diferença?

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