segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Y a mucha honra, novelas mexicanas se mantêm com reprises

Este texto foi escrito para o Curso Estado de Jornalismo - Estadão

Pela sexta vez em 18 anos, uma Maria das terras mexicanas está ocupando as telinhas da TV diariamente. A telenovela Maria do Bairro, produzida pelo grupo mexicano Televisa, voltou a ser transmitida desde o final de setembro no SBT. Com ela, um conjunto de produções reprisadas pelo canal tem superado a audiência de programas inéditos de concorrentes. Na primeira semana de outubro, Rubi atingiu 7,6 pontos no Ibope, na terceira passagem da trama pelo Brasil. No mesmo horário, a Record não ultrapassava 3,7 com o Jornal da Tarde.



Dentre as seis dramaturgias que estão no ar, a mais expressiva em audiência é o remake brasileiro de Chiquititas, carro-chefe do canal, com pico de 14 pontos no horário nobre. No horário da tarde, Maria do Bairro registra 7 pontos em média e Rubi já chegou a atingir 9.
As frequentes reprises têm público fiel. O paulistano Danilo Gabriel, de 25 anos, diz que é fã assíduo dos clássicos e novos sucessos da dramaturgia mexicana. Desde O Diário de Daniela, que assistiu aos seis anos, à Rubi e Rebelde, parte de seu entretenimento atual, o jovem garante não perder um episódio sequer. E ainda grava um por um. Por sua idade, acompanhou a evolução das mídias e precisou até converter a pilha de VHS em DVDs. “Acredito que elas façam sucesso porque são simples e com enredos envolventes”, aponta. Para ele, que se considera um colecionador dos dramas latinos, o horário de exibição dos programas, quase sempre à tarde, é favorável a atrair um público de crianças, adolescentes e donas de casa. “É como Chaves, embora seja exibida milhares de vezes, não enjoa”, argumentou, referindo-se a outra série mexicana apresentada pelo SBT há quase 30 anos.
O fenômeno dos dramas também caiu nas rede. O Netflix, serviço de exibição de filmes e séries via streaming, já traz em seu acervo mais de 30 novelas. Entre elas, os clássicos Usurpadora e Maria do Bairro, mas também Rosalinda, Alegrifes e Rabujos, a colombiana Rainha do Sul, e as venezuelanas Juana La Virgen e Kassandra.
As cruéis e escandalosas gargalhadas de Paola Bracho têm mais motivações do que se imagina. Para o dramaturgo Mário Pérsico, o “segredo” das dramaturgias mexicanas é a estrutura literária, ou seja, o melodrama. “Mesmo as atuais novelas brasileiras que tanto evoluíram na técnica, ainda se mantêm fiel a esta estrutura”, explica. O “dramalhão”, como é conhecido o gênero das produções latinas por sua carga exagerada de emoções, é analisado por Pérsico como característica não só das novelas, mas do cinema do México. “Os clássicos deste país nos anos 40 e 50 eram puros melodramas”, relembra.
Responsável pela maioria dos folhetins importados no Brasil, o grupo Televisa faturou mais de R$ 290 milhões no primeiro semestre de 2013, segundo informações da agência Efe. O SBT, responsável por trazer o produto ao Brasil, também ganha com a parceria. Além dos programas importados, o canal tem investido também nos remakes. Após a exibição de “Carrossel”, novela inspirada no texto de Valentim Pimstein, o canal de Silvio Santos garante que obteve um aumento de 10% nos lucros.

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