segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Pesquisadores e economistas ainda divergem sobre Ideb

Este texto foi escrito para o Curso Estado de Jornalismo - Estadão

Seis anos depois de sua criação, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ainda divide opiniões de especialistas, muitas vezes sendo considerado ineficiente ou sem metas adequadas. O Ideb é um dos principais medidores de qualidade de educação do Brasil e faz parte do Plano Nacional de Educação (PNE), projeto de lei ainda em tramitação no Senado. "Se o Ideb for utilizado para tomar medidas administrativas, vai estimular ações indesejáveis como o afunilamento curricular, as fraudes e a educação direcionada para o teste", argumentou Romualdo Portela de Oliveira, doutor em educação e professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp). Para ele, o Ideb é um bom indicador de resultados, mas não serve como parâmetro nacional de qualidade da educação. "O exame é deficiente na captação de desigualdades sociais", apontou o pesquisador.
 O tema será discutido no 1º Seminário do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional (Gepave), realizado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) nesta segunda-feira, 11. A mesa redonda "Ideb e qualidade educacional: relevância e limites" contará também com os pesquisadores Amaury Patrick Gremauld (USP-Ribeirão Preto) e Ernesto Faria (Fundação Lemann).
Apesar de reconhecer que o Ideb auxiliou o acompanhamento da qualidade educacional do país, o economista Ernesto Faria faz críticas que envolvem as metas municipais. “Os índices se atentaram pouco ao contexto educacional das regiões e escolas”, salientou. Sobre a inclusão no PNE, ele afirma que é possível realizar uma revisão sem alteração da meta nacional. “Embora tenha problemas, é algo que está consolidado”. Para Faria, incluir outros indicadores de qualidade no Plano seria uma saída, mas ele acredita que “não estamos no estágio de discutir isso”.
Metas. O PNE estabelece metas para o Ideb até o ano de 2021. Se aprovado, o que o medidor aferir terá força de lei. Na próxima década, as escolas deverão ter atingido, nos anos iniciais do ensino fundamental, o valor 6. Nos finais, 5,5. Já no ensino médio, a exigência é de 5,2. O maior salto do índice foi observado na nota dos anos iniciais do ensino fundamental das escolas municipais. Em 2005, a média era de 3,4. Em 2011, subiu para 4,7.
Para o professor da FEUSP e organizador do seminário, Ocimar Alavarse, o fato de que o País tem conseguido atingir as metas do Ideb gerou muitas controvérsias. "Há muitas escolas atingindo as metas. Isto pode indicar que elas é que estão rebaixadas", argumenta. O especialista ainda questiona a curva de evolução destas diretrizes. O modelo considera que todos os municípios deverão, em 2096, alcançar um Ideb de 9,9. "O objetivo é inatingível, já que todos os alunos precisariam ter a nota máxima", aponta.
O economista Amaury Patrick Gremauld, que fez parte da criação do Ideb como diretor de avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), afirma que o indicador é limitado como qualquer outro, como o PIB. "É preciso criar uma série de indicadores e trabalhar com todos eles, ou a discussão é impossível", argumenta. No seminário, Gremauld vai discutir os usos e as interpretações que se faz do Ideb nas escolas e nos municípios.
A inscrição para o 1º Seminário do Gepave é gratuita e pode ser realizada no site da instituição. (http://goo.gl/95eubK)

Nenhum comentário:

Postar um comentário