Para a revolta de alguns e a satisfação de outros, o buraco da fechadura voltou a permitir espiadinhas no início deste ano. O Big Brother Brasil atinge, em 2013, sua 13ª edição. Mesmo com a audiência sofrendo quedas significativas nas últimas duas edições, o programa ainda é um dos carros chefe da grade da rede Globo para o começo do ano. O sucesso de tantos episódios deste reality show cujo nome remete ao “Grande Irmão”, personagem do universo distópico criado por George Orwell em seu livro “1984”, suscita discussões calorosas tanto em mesas de bar quanto nos meios acadêmicos mais diversos, como o da psicologia e da comunicação. Mas o que uma casa com algumas pessoas interagindo em festas e brigando por um jogo traz de tão comovente ao espectador?
O formato de disputa por valores em dinheiro e
a possibilidade de se assistir ao espetáculo a qualquer instante do dia
(instigando o voyeurismo nas pessoas) são fatores que tornam o formato reality show praticável em todo o mundo,
deixando de lado a perspectiva de que tal fenômeno ocorre apenas no Brasil,
como alguns costumam enfatizar. O jornalista Eduardo Valente, em artigo
publicado para a revista Cinética, salienta alguns aspectos determinantes para
atingir o público do programa: “parece-me um tour de force de realização audiovisual. Para mim é impressionante
pensar no trabalho envolvido no acompanhamento de 40 câmeras e outros tantos
microfones, buscando criar uma dramaturgia que simplesmente nunca para de ser
escrita.”
O comunicador reforça que, neste
jogo, quanto mais os participantes tentam “atuar”, mais confundem a si mesmos: “há
personagens-autores, personagens-atores, personagens-personagens e
personagens-pessoas”. Afinal, nada como criar uma persona que estará à mercê
das críticas de todo o Brasil, 24 horas por dia. O texto de Valente culmina em uma
interpretação de um documentário americano de Frederick Wiseman, que rebate a
ideia de que os participantes do Big Brother são falsos e criam imagens
ilusórias de sua personalidade: “cada pessoa só pode interpretar papéis a
partir do seu próprio entendimento do mundo e de seus valores. Por isso, mesmo
se ela decide inventar um outro eu, este eu autoconstruído será tão mais
revelador do que esta pessoa representa”.
A percepção do psicanalista
Marion Minerbo é, talvez, mais pragmática: “a graça toda consiste em não
sabermos ao certo quanto de representação e quanto de realidade há naquilo tudo”.
Os participantes são escolhidos a dedo pela produção do programa, fato que
inicial que já deforma qualquer perspectiva de verdade pura. Afinal, estes são escolhidos por suas
características físicas ou identificação com determinada parcela da população.
Minerbo faz uma comparação do BBB
com o histórico espetáculo romano do Coliseu, onde homens lutavam até a morte
pelo entretenimento do povo. O que os
mantinha entretidos é exatamente a mesma “carne humana exposta” que o reality
show nos traz nos dias atuais: sem a prodigiosa habilidade em atuar, o que
sobra é o corpo do participante e sua suscetibilidade a cometer deslizes, dizer
bobagens e extrair do público o desejo insano de proferir ofensas à sua dita
“mediocridade”.
Diferentes perspectivas refletem,
ao menos em partes, o sucesso da trama televisiva que envolve ficção e
realidade. Como objeto de entretenimento e distração de seu público, não se
distancia do que é já é trazido e difundido por telenovelas, por exemplo. Cabe
ao espectador discernir aquilo que mais lhe agrada diante de tantos produtos
que buscam ocupar sua mente nas horas vagas e refletir antes de bradar críticas
ao “ode à futilidade” que tanto se aponta. Afinal, tão “pão e circo” quanto
qualquer reality show é o futebol, o livro de fantasia ou mesmo aquele seriado que
tanto aguardamos pela nova temporada.
Eu te amo.
ResponderExcluirLuiz, te amo!
ResponderExcluirLindo!
Eu te amo.
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Te amo Luiz Fernando! s2
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