Um post mais pessoal que o comum desse blog. De uma experiência sem graça e previsível, cheguei a um momento único, julgando-o "um dos melhores de minha vida", como dito repetidamente naquela tarde de sábado. Um sábado que sorria com dentes amarelados e pelo cantinho da boca...
Estamos no segundo semestre de 2010. Mais especificamente em setembro, a época da feira de ciências do Colégio Veritas. Foi nessa instituição que passei, talvez, a fase mais importante da minha vida, a nível familiar, social, intelectual, enfim...Boa parte do processo de me tornar o que sou hoje. A feira ocorre todos os anos, mais ou menos nessa época, e movimenta alunos de todas as séries, desde as crianças e suas maquetes com textos decorados e insuportáveis, até os revoltados colegiais segundanistas e terceiranistas que insistem em perguntar a cada visitante que se aproxime de seu trabalho: "Você quer mesmo que eu explique isso aí?". E cá estou, Luiz Fernando, ex-aluno fazedor de maquetes e decorador de textos (porém, ainda preguiçoso), fazendo uma crítica sem nada a acrescentar, a atitudes pelas quais já me vi envolvido. E dessa "problemática" surgiram algumas inquietações que relatarei.
Sem a menor vontade de voltar ao Veritas, fui obrigado a comparecer ao menos em uma das unidades do colégio (há duas, Unidade Santana e Unidade Jd. São Paulo, estudei na primeira), pois meu irmão, Luiz Felipe, 11, apresentaria um trabalho. Um dia antes, também fui convidado por uma amiga, Nathália, a ver seu trabalho também. Para a felicidade de meu ócio, cada um deles estuda em uma unidade diferente. Resultado: Visitei as duas feiras e passei meu dia vendo as novidades da tecnologia na visão desses alunos, tema da feira em questão.
Como primeira parada. O Jd. São Paulo, e mais tarde fui perceber que essa seria praticamente a única parada. Única, em todos os versos que essa palavra deve prestigiar. Assisti a algumas apresentações, e em cada uma delas, via um defeito. Resmungava baixo, pra que ninguém ouvisse e ficasse bravo comigo. Em algum momento ou outro, correções desnecessárias que só fizeram eu me arrepender depois, como uma garota que escreveu "Fosmpring" para nomear o decadente site de perguntas. Passei pela tecnologia dos carros, da aeronáutica, dos esportes, da música. E foi aí que a coisa começou a ficar inquietante. As meninas do grupo "Música" apresentavam a nossa atualidade como uma mistura de bandas "teen" do momento: Hóri, Restart, e por aí vai. E eu me irritei. A princípio, pela proposta delas, e a seguir, pela minha contradição. Afinal, dias atrás meu blog trazia um texto com uma opinião contrária a essa irritação minha (Caso não tenha visto o texto: Advogado do Diabo). E isso me tirou totalmente do campo "feira de ciências", e me expôs no saudosismo. Envolto por esse pensamento, saí da sala apressado, passando por um ex-professor que eu não gostava muito (nem ele de mim): Fabrício. No momento, não fiz muita questão pois tinha aquilo em mente ainda.
Desci as escadas, e me sentei no jardim do Veritas. Objeto de inveja a nós, alunos da Vila Santana, que nunca tivemos um espaço natural agradável na unidade, o jd. São Paulo era abundante: Animais passeando por um grande campo verde, coberto de árvores enormes. Cenário perfeito para a ocasião. Aconcheguei-me à visão de algumas crianças brincando no playground, e voltei a pensar no ocorrido após o trabalho de música. O "eu" que tanto criticava "as pessoas mais velhas e sua visão monótona e unilateral de mundo", ficando irritado com o trabalho dessas meninas. Simplesmente chato. Enquanto no colegial, sempre tive noção de que, por mais que eu me tornasse mais velho, estaria atualizado das tendências dessas pessoas mais novas, e conseguiria aliar o meu mundo ao delas, para nunca me tornar um "chato". Por um momento, me senti velho, muito velho. E isso, ao despertar de meus 19 anos. O campo parecia mais cinza do que verde.
De um EX-colegial entediado por visitar sua EX-escola, passei a um colegial embaralhado em sua escola atual, um retorno ao passado, como se não fosse passado. Não era mais o estudante de jornalismo ali. Era o mesmo menino que ia pra diretoria todos os dias. Lembrei do que não fiz muito bem naquela época. E até do que fiz demais. Discuti com professores, fiz muitas inimizades, e falei mal, muito mal, da instituição. Morria de vontade de estudar no Anglo ou no Objetivo, as melhores escolas de Sorocaba. Ou pelo menos era o que eu achava na época. Um mal-estar me possuiu no momento: senti o cenário todo se desmanchando, e eu só conseguia ver essa história sem um fim diante de mim: Eu precisava de ajuda.
Por sorte, por destino, por deus, ou seja lá como sua crença acredite que essa crônica deve continuar, uma grande amiga minha, Gabriela, estava no Jd. São Paulo visitando os trabalhos, mais ou menos na mesma situação que eu (ter de ir ver seu irmão). Chamei-a por celular, e ela me disse que estava conversando com o professor de espanhol. O EX professor de espanhol. E pelo tom, notem o meu pequeno desprezo adolescente que ainda persistia, mesmo dois anos após o fim das aulas colegiais. Mas, como eu precisava conversar com alguém, pedi que ela viesse mesmo assim. E ambos vieram.
A princípio decidi contar toda a situação para a Gabi, mesmo com a presença de uma figura indesejável naquele momento, o ex professor. Após um longo discurso, ele comentou:
- Eu me lembro de você, LUIZ FERNANDO. Você brigava comigo porque achava espanhol inútil. Lembro de você e conheço um pouco de sua história, que a dona Ângela (diretora do Veritas) me contou.
O homem que eu odiava, que pra mim não passava de mais um figura trabalhando pelo dinheiro, que sequer lembrava do nome, se recordou do meu, e ainda dizia "conhecer um pouco de minha história". Como isso seria possível? Já não era mais o ex professor ali. Era o professor Fernando. Alguém que eu nunca cheguei a conhecer enquanto aluno, mas que me foi apresentado ali. Nesse momento, pedi ao Fernando que me desculpasse, o que resultou em um abraço. Foi a pausa crucial, eu diria artística. A lágrima que queria descer e o menino-homem que não queria se mostrar fragilizado por algumas gotinhas de seu rosto. Nem preciso dizer que o choro foi mais forte.
Gabi me abraçou, e dali começamos uma longa conversa a três. Eu me senti em um episódio de House, com frases bonitas, cenário espetacular, a vida toda em alguns instantes sendo discutida em suas questões essenciais. Tudo ali. Novamente a vida imitando a arte, e a arte, a vida.
Dali eu fui me lembrando de tudo e de todos dessa grande época que não volta mais. Percebia que toda aquela revolta não passava de um sentimento recíproco de afeto. Ângela, a diretora, com os altos e baixos de minhas "burradas" (com o perdão da palavra), foi como uma segunda mãe pra mim. E para muita gente também. Sempre acima das dificuldades, tratava-se de uma mulher que se dirigia às pessoas, não pelo seu número da matrícula ou notas, mas por seu nome e sobrenome. Por suas alegrias e por seus dons, mas também por suas desgraças e momentos de pouca receptividade. Que muitas vezes, não se mostrava fraca diante de conflitos de sua própria vida pessoal, mas ainda mais humana: Me lembro de Ângela compartilhando comigo em um encontro (no qual eu havia sido mandado para fora da aula, para variar) a perda de um familiar, e o que ela sentia naquela ocasião. A figura do diretor conservador desconstruída em uma mulher sensível e, insisto, assustadoramente humana.
E depois dela, professores. E afirmo, com algum ressentimento: briguei com a maioria deles. Talvez, todos. Mas o que demorei a perceber, é que aqueles que eu não tinha conflitos, eram justamente os neutros da história. Os "adultos sem graça". Já os que cheguei a trocar faíscas, pra não dizer pedras, são os que me fazem falta hoje.
Concluí a questão de desapego que me cercava ali naquele campo verde enorme: Fabrício! Era tão evidente, tão claro, mas quando passei pelo "ex-professor de biologia", a única coisa que ocorreu foi o desprezo por ele e discussões de um tempo remoto. Eu precisava do perdão desse cara. E assim o chamo, "cara", pois era o tratamento que ele usava para se referir a todos, e assim me lembro de seu jeitão diferente de ensinar. Um professor controverso, que ignorava apostilas e fazia o conteúdo entrar na cabeça de todos de uma forma surpreendente. Ora muito divertido e descontraído, ora enérgico e irritado. O único ponto que nunca me agradou nele foi o fato do professor fazer brincadeiras pessoais com todos, mas não aceitar a recíproca, motivo pelo qual discutimos muitas vezes. E era desse cara cabeludo, fã de heavy metal e das roupas pretas quase uniformizadas, que eu precisava extrair a última peça desse quadro incompleto do colegial.
Com exatos 15 minutos após o final da feira de ciências (não, eu não consegui ver a feira do meu irmão, só fui buscá-lo, depois), corri até a sala dos terceiranistas, onde Fabrício ajudava a arrumar as carteiras. O medo era indescritível. Ou a insegurança, a situação toda,, enfim. Não sabia exatamente o que dizer ou como dizer. Muito menos se realmente deveria fazê-lo. Com a voz um pouco trêmula e o receio de receber um palavrão bem sonoro, característico da personalidade forte de Fabrício, fui ao segundo andar e pedi para falá-lo por 5 minutos. Um cheiro de cigarro forte, que aumentou a minha insegurança, procedido por um "FALAR COMIGO AGORA? Ah, tá bom, vai, fala..."
E todo o processo com o professor Fernando se repetiu ali. E a cada palavra, eu esperava um "cala a boca" ou algo do tipo. Mas a única resposta que obtive foi um abraço demorado, que me fez desmoronar outra vez (e a essa altura do campeonato eu já estava duvidando de minha virilidade emocional auhauhauha se é que isso existe), e um "você é um cara legal". Um cara legal. Diante de qualquer situação, esse adjetivo não teria valor algum. Mas ali...

Estes dois gestos impulsionaram uma nova fase de mim. Um novo eu, de alguma forma. Como posto pela dialética: "Um homem não passa pelo mesmo rio duas vezes. Não será mais o mesmo homem, nem o mesmo rio". Eu havia mudado.
Estamos no segundo semestre de 2010. Mais especificamente em setembro, a época da feira de ciências do Colégio Veritas. Foi nessa instituição que passei, talvez, a fase mais importante da minha vida, a nível familiar, social, intelectual, enfim...Boa parte do processo de me tornar o que sou hoje. A feira ocorre todos os anos, mais ou menos nessa época, e movimenta alunos de todas as séries, desde as crianças e suas maquetes com textos decorados e insuportáveis, até os revoltados colegiais segundanistas e terceiranistas que insistem em perguntar a cada visitante que se aproxime de seu trabalho: "Você quer mesmo que eu explique isso aí?". E cá estou, Luiz Fernando, ex-aluno fazedor de maquetes e decorador de textos (porém, ainda preguiçoso), fazendo uma crítica sem nada a acrescentar, a atitudes pelas quais já me vi envolvido. E dessa "problemática" surgiram algumas inquietações que relatarei.
Sem a menor vontade de voltar ao Veritas, fui obrigado a comparecer ao menos em uma das unidades do colégio (há duas, Unidade Santana e Unidade Jd. São Paulo, estudei na primeira), pois meu irmão, Luiz Felipe, 11, apresentaria um trabalho. Um dia antes, também fui convidado por uma amiga, Nathália, a ver seu trabalho também. Para a felicidade de meu ócio, cada um deles estuda em uma unidade diferente. Resultado: Visitei as duas feiras e passei meu dia vendo as novidades da tecnologia na visão desses alunos, tema da feira em questão.
Como primeira parada. O Jd. São Paulo, e mais tarde fui perceber que essa seria praticamente a única parada. Única, em todos os versos que essa palavra deve prestigiar. Assisti a algumas apresentações, e em cada uma delas, via um defeito. Resmungava baixo, pra que ninguém ouvisse e ficasse bravo comigo. Em algum momento ou outro, correções desnecessárias que só fizeram eu me arrepender depois, como uma garota que escreveu "Fosmpring" para nomear o decadente site de perguntas. Passei pela tecnologia dos carros, da aeronáutica, dos esportes, da música. E foi aí que a coisa começou a ficar inquietante. As meninas do grupo "Música" apresentavam a nossa atualidade como uma mistura de bandas "teen" do momento: Hóri, Restart, e por aí vai. E eu me irritei. A princípio, pela proposta delas, e a seguir, pela minha contradição. Afinal, dias atrás meu blog trazia um texto com uma opinião contrária a essa irritação minha (Caso não tenha visto o texto: Advogado do Diabo). E isso me tirou totalmente do campo "feira de ciências", e me expôs no saudosismo. Envolto por esse pensamento, saí da sala apressado, passando por um ex-professor que eu não gostava muito (nem ele de mim): Fabrício. No momento, não fiz muita questão pois tinha aquilo em mente ainda.
Desci as escadas, e me sentei no jardim do Veritas. Objeto de inveja a nós, alunos da Vila Santana, que nunca tivemos um espaço natural agradável na unidade, o jd. São Paulo era abundante: Animais passeando por um grande campo verde, coberto de árvores enormes. Cenário perfeito para a ocasião. Aconcheguei-me à visão de algumas crianças brincando no playground, e voltei a pensar no ocorrido após o trabalho de música. O "eu" que tanto criticava "as pessoas mais velhas e sua visão monótona e unilateral de mundo", ficando irritado com o trabalho dessas meninas. Simplesmente chato. Enquanto no colegial, sempre tive noção de que, por mais que eu me tornasse mais velho, estaria atualizado das tendências dessas pessoas mais novas, e conseguiria aliar o meu mundo ao delas, para nunca me tornar um "chato". Por um momento, me senti velho, muito velho. E isso, ao despertar de meus 19 anos. O campo parecia mais cinza do que verde.
De um EX-colegial entediado por visitar sua EX-escola, passei a um colegial embaralhado em sua escola atual, um retorno ao passado, como se não fosse passado. Não era mais o estudante de jornalismo ali. Era o mesmo menino que ia pra diretoria todos os dias. Lembrei do que não fiz muito bem naquela época. E até do que fiz demais. Discuti com professores, fiz muitas inimizades, e falei mal, muito mal, da instituição. Morria de vontade de estudar no Anglo ou no Objetivo, as melhores escolas de Sorocaba. Ou pelo menos era o que eu achava na época. Um mal-estar me possuiu no momento: senti o cenário todo se desmanchando, e eu só conseguia ver essa história sem um fim diante de mim: Eu precisava de ajuda.
Por sorte, por destino, por deus, ou seja lá como sua crença acredite que essa crônica deve continuar, uma grande amiga minha, Gabriela, estava no Jd. São Paulo visitando os trabalhos, mais ou menos na mesma situação que eu (ter de ir ver seu irmão). Chamei-a por celular, e ela me disse que estava conversando com o professor de espanhol. O EX professor de espanhol. E pelo tom, notem o meu pequeno desprezo adolescente que ainda persistia, mesmo dois anos após o fim das aulas colegiais. Mas, como eu precisava conversar com alguém, pedi que ela viesse mesmo assim. E ambos vieram.
A princípio decidi contar toda a situação para a Gabi, mesmo com a presença de uma figura indesejável naquele momento, o ex professor. Após um longo discurso, ele comentou:
- Eu me lembro de você, LUIZ FERNANDO. Você brigava comigo porque achava espanhol inútil. Lembro de você e conheço um pouco de sua história, que a dona Ângela (diretora do Veritas) me contou.
O homem que eu odiava, que pra mim não passava de mais um figura trabalhando pelo dinheiro, que sequer lembrava do nome, se recordou do meu, e ainda dizia "conhecer um pouco de minha história". Como isso seria possível? Já não era mais o ex professor ali. Era o professor Fernando. Alguém que eu nunca cheguei a conhecer enquanto aluno, mas que me foi apresentado ali. Nesse momento, pedi ao Fernando que me desculpasse, o que resultou em um abraço. Foi a pausa crucial, eu diria artística. A lágrima que queria descer e o menino-homem que não queria se mostrar fragilizado por algumas gotinhas de seu rosto. Nem preciso dizer que o choro foi mais forte.
Gabi me abraçou, e dali começamos uma longa conversa a três. Eu me senti em um episódio de House, com frases bonitas, cenário espetacular, a vida toda em alguns instantes sendo discutida em suas questões essenciais. Tudo ali. Novamente a vida imitando a arte, e a arte, a vida.
Dali eu fui me lembrando de tudo e de todos dessa grande época que não volta mais. Percebia que toda aquela revolta não passava de um sentimento recíproco de afeto. Ângela, a diretora, com os altos e baixos de minhas "burradas" (com o perdão da palavra), foi como uma segunda mãe pra mim. E para muita gente também. Sempre acima das dificuldades, tratava-se de uma mulher que se dirigia às pessoas, não pelo seu número da matrícula ou notas, mas por seu nome e sobrenome. Por suas alegrias e por seus dons, mas também por suas desgraças e momentos de pouca receptividade. Que muitas vezes, não se mostrava fraca diante de conflitos de sua própria vida pessoal, mas ainda mais humana: Me lembro de Ângela compartilhando comigo em um encontro (no qual eu havia sido mandado para fora da aula, para variar) a perda de um familiar, e o que ela sentia naquela ocasião. A figura do diretor conservador desconstruída em uma mulher sensível e, insisto, assustadoramente humana.
E depois dela, professores. E afirmo, com algum ressentimento: briguei com a maioria deles. Talvez, todos. Mas o que demorei a perceber, é que aqueles que eu não tinha conflitos, eram justamente os neutros da história. Os "adultos sem graça". Já os que cheguei a trocar faíscas, pra não dizer pedras, são os que me fazem falta hoje.
Concluí a questão de desapego que me cercava ali naquele campo verde enorme: Fabrício! Era tão evidente, tão claro, mas quando passei pelo "ex-professor de biologia", a única coisa que ocorreu foi o desprezo por ele e discussões de um tempo remoto. Eu precisava do perdão desse cara. E assim o chamo, "cara", pois era o tratamento que ele usava para se referir a todos, e assim me lembro de seu jeitão diferente de ensinar. Um professor controverso, que ignorava apostilas e fazia o conteúdo entrar na cabeça de todos de uma forma surpreendente. Ora muito divertido e descontraído, ora enérgico e irritado. O único ponto que nunca me agradou nele foi o fato do professor fazer brincadeiras pessoais com todos, mas não aceitar a recíproca, motivo pelo qual discutimos muitas vezes. E era desse cara cabeludo, fã de heavy metal e das roupas pretas quase uniformizadas, que eu precisava extrair a última peça desse quadro incompleto do colegial.
Com exatos 15 minutos após o final da feira de ciências (não, eu não consegui ver a feira do meu irmão, só fui buscá-lo, depois), corri até a sala dos terceiranistas, onde Fabrício ajudava a arrumar as carteiras. O medo era indescritível. Ou a insegurança, a situação toda,, enfim. Não sabia exatamente o que dizer ou como dizer. Muito menos se realmente deveria fazê-lo. Com a voz um pouco trêmula e o receio de receber um palavrão bem sonoro, característico da personalidade forte de Fabrício, fui ao segundo andar e pedi para falá-lo por 5 minutos. Um cheiro de cigarro forte, que aumentou a minha insegurança, procedido por um "FALAR COMIGO AGORA? Ah, tá bom, vai, fala..."
E todo o processo com o professor Fernando se repetiu ali. E a cada palavra, eu esperava um "cala a boca" ou algo do tipo. Mas a única resposta que obtive foi um abraço demorado, que me fez desmoronar outra vez (e a essa altura do campeonato eu já estava duvidando de minha virilidade emocional auhauhauha se é que isso existe), e um "você é um cara legal". Um cara legal. Diante de qualquer situação, esse adjetivo não teria valor algum. Mas ali...

Estes dois gestos impulsionaram uma nova fase de mim. Um novo eu, de alguma forma. Como posto pela dialética: "Um homem não passa pelo mesmo rio duas vezes. Não será mais o mesmo homem, nem o mesmo rio". Eu havia mudado.
e me orgulho de ter participado um mínimo disso :)
ResponderExcluirQuase chorei, sério.
ResponderExcluirQuase um conto introspectivo da Clarice Lispector hein? Não gosto de comparar, mas infelizmente não teve como!
ResponderExcluirAcho que quando nós sentimos realmente, fica bem fácil por em palavras e já notei que dom pra isso vc tem de sobra!
Senti a essência da crônica cotidiana, um leve toque de flânuer. ahhh como eu adoro escritos assim!
Vc conseguiu transmitir seus sentimentos pelas suas palavras, é a maior ferramenta que um escritor tem.
Muito bom Luiz!
nem sempre as voltas ao passado são agradáveis, porém, algumas vezes são necessárias.
ResponderExcluirno caso, todos nós, as vezes, somos pegos, em alguns momentos, fazendo coisas que juramos não fazer nunca, mas, por algum motivo indeterminado, terminamos nos contradizendo. é o valor que pagamos por ser homens, seres humanos. tu não tens culpa por isso, não foi um erro, foi até uma evolução, se você pensasse hoje igual a anos atrás seria preocupante.
o importante de tudo isso, é que pedir perdão, chorar, se arrepender, é evoluir.
admiro-te por ser capaz que publicar explicitamente que foi homem suficiente para chorar diante de pessoas que fizeram parte da tua vida, mas que em certo ponto, não são tão importantes assim.
se tu morresse hoje, seria um homem bom a menos na terra.
um abraço,
ass: um amigo :)
vc estudante de jornalismo tbm!??.. esses delirios no passado são coisas de quem é jornalista mesmo, palavra de Jornalista!
ResponderExcluirOlá. Não vou entrar em detalhes pra dizer como cheguei até aqui. O fato é que cheguei.
ResponderExcluirLi apenas esse texto do seu blog e achei que foi o suficiente pra dizer que foi um dos mais verdadeiros que li nos ultimos tempos. Num mundo onde os sentimentos são inventados, copiados e colados, o seu conseguiu me tirar de um universo de espera imediata e me passar para um momento reflexivo e particular.
É algo que vale a pena se pensar...
Ótimo texto. E bom que você conseguiu ser sábio no meio disso, maioria das pessoas simplesmente ignora esse tipo de situação.
Está de parabéns.
Abraço.
Estava fuçando por ai e lendo seu blog,resolvi comentar (algo que me detenho a fazer quase sempre pela falta de interesse dos que vejo), mas gostei muito dos seus textos e cá estou. Parabéns, passarei mais vezes.
ResponderExcluirSe estiver a fim de trocar idéias, iria adorar.
Abraços