quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Leituras digitais

A notícia mais comentada por toda a imprensa na data de hoje com certeza é a que diz respeito à pesquisa do Instituto Verificador de Circulação (IVC), que divulgou dados positivos sobre a dita "sobrevida" do jornal impresso, com um aumento de 1,8% de sua circulação em 2012. Em uma época em que o jornalismo digital encontra-se em expansão constante, o dado surge para acalmar os ânimos de alguns e incitar a reflexão de pontos importantes do fazer jornalístico e dos métodos de se levar a informação, da melhor forma possível, ao leitor.

Já li alguns textos sobre o assunto, como este, do jornal The Guardian e este, do Observatório da Imprensa, além de ter visto diversas opiniões de profissionais experientes em suas redes sociais particulares, como o jornalista José Carlos Fineis, do Jornal Cruzeiro do Sul, que destaca a importância* de se fazer boa apuração para se conseguir uma boa reportagem, independente do conteúdo estar em papel ou em uma tela de computador. Portanto, falar mais do que já foi exposto é repetir discursos já conhecidos. Com este texto, pretendo refletir minha experiência pessoal com diferentes tipos de conteúdo digital, tanto dos jornais quanto dos livros, e como o uso deles influenciou a minha rotina de leitura.

Não é novidade dizer que há certa resistência de muita gente para se ler um artigo ou reportagem com mais de 2 mil caracteres em uma tela brilhante (que eu considero inflamada mais pelo costume do que pela razão). Ebooks? Nem pensar. "Prefiro a sensação do papel". Nada contra, não me tomem por "geek fundamentalista". Entendo que há certos gostos que não precisam de explicação, pois simplesmente são fruto do hábito.

Mas faço aqui um convite: experimente baixar algum artigo para ler num tablet. Com certeza você tem algum amigo que possua um desses "brinquedinhos tecnológicos". Aliás, há opções com preços relativamente baixos no mercado, a partir de R$ 200, suficientes para a leitura. É possível controlar a luminosidade de suas telas para não irritar os olhos, são facilmente adaptáveis ao usuário. A maioria das pessoas já estão acostumadas a ler notícias em sites, mas grandes reportagens e livros normalmente são evitados.

Afirmo, com um apelo pessoal, é claro, que ler em tablets aumenta o rendimento e a compreensão da leitura. Apenas em janeiro, li quatro livros relativamente grandes (Crime e Castigo, 1984, Elite da Tropa 2 e Deus, um Delírio), todos em um tablet. Uma grande vantagem do meio digital é que ao mesmo tempo em que estamos lendo, temos disponível um grande acervo de informações de dicionários online, enciclopédias e afins. Não precisa ligar o computador e digitar cada palavra que você desconhecer ou mesmo aquela teoria citada pelo autor que você não se lembra muito bem. É só selecionar o texto e pesquisar. Um passe de mágica de um ilusionista chamado Steve Jobs, o mentor dos tablets.
Foto:  blog Informação e Tecnologia

É possível baixar revistas e obter conteúdo exclusivo (já está soando como propaganda!), além de poder carregar quantas revistas, livros e artigos você quiser. Assistir a vídeos relacionados ao tema lido. Ler no escuro. Mudar o tamanho da fonte, o formato e a cor das letras ou da folha. Dá até pra ler livros em barra de rolagem, para os mais preguiçosos (como eu) que não quiserem virar a página. (confira alguns modelos de tablet aqui)



Como usuário,  tenho experimentado formas agradáveis e práticas de adquirir informação. Isto sem citar os tantos pontos já tão mencionados por outros jornalistas, como a leitura em hyperlink (um conteúdo leva ao outro), a construção do texto pelo próprio leitor (ele escolhe aquilo que quer ler), os caminhos infinitos da informação (já que você pode ler tudo o que quiser), entre outros.

Se uma palavra descreve esta nova fase da informação e da geração de conteúdo, eu diria que é a praticidade. Mais textos, mais opiniões, mais imagens. Menos papel, menos bagunça. E, de bônus, se você for enganado e baixar um livro de auto-ajuda disfarçado de ficção ou filosofia (prefiro não citar nomes), basta excluí-lo.

Só vou sentir falta mesmo daquela estante bonita com tantos títulos diferentes. Ou da elegância de ser ler um belo jornal em um café qualquer.  Como disse uma comunicadora em sua página pessoal do Facebook há alguns dias: "esta foi a última geração que levou um jornal ao banheiro".



*leia aqui o texto que cito, do jornalista José Carlos Fineis:



"Acho estéril discutir o futuro do jornal impresso. O produto de um jornal não é o papel nem a tinta. O produto de um jornal é a informação -- bem apurada, bem escrita, bem revisada, bem editada e bem ilustrada. A grande questão da imprensa atual é uma só: como migrar a informação de uma plataforma para outra, de forma que a credibilidade (valor intangível) dos veículos impressos tradicionais possa se converter em novos modelos de negócios (valores tangíveis) no ambiente virtual?

Não há espaço para dúvidas sobre migrar ou não. Essa não é uma opção, pois o processo de transferência de público para novas plataformas já foi deflagrado e não voltará atrás. Precisamos dominar a tecnologia e conquistar essas novas fronteiras -- e, nisso, não somos diferentes dos pioneiros do jornalismo impresso e eletrônico dos séculos 19 e 20.
Em resumo: se amanhã inventarem um meio de transmitir informações por telepatia, as empresas jornalísticas precisarão dominar essa "plataforma" e usá-la também. O importante, sob todos os pontos de vista (e inclusive o de negócios, que se transforma a cada dia) é que a informação chegue ao público -- não o papel impresso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário