O problema não é mudar o pragmatismo. Deve-se, no mínimo, reconhecer que uma sociedade que só trabalha pela manutenção de um sistema que não é capaz de se reconstruir está longe de ser uma democracia como o nome diz que é.
Entender a política brasileira sob a ótica da ideologia partidária é praticamente impossível (ou bizarro). Isto não é novidade. Em casos recentes, a dicotomia pragmatismo/programatismo tão pontuada no discurso da ex-senadora Marina Silva nunca se fez tão presente, inclusive no próprio quintal da aliada do governador Eduardo Campos (PSB).
Na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, fica cada dia mais evidente que um dos lados da "coligação programática" - e quase antagônica em certos aspectos- entre Rede Sustentabilidade e PSB sairá com os objetivos feridos. Se a sigla de Campos se alçar ao pleito ao lado de Alckmin, indicando como vice o deputado federal Márcio França (PSB), perde o lado de Marina, que terá seu programatismo ferido por uma decisão eleitoreira. Caso contrário, os socialistas ficam sem vice, mas mantêm estável a aliança com a Rede.
Entender a política brasileira sob a ótica da ideologia partidária é praticamente impossível (ou bizarro). Isto não é novidade. Em casos recentes, a dicotomia pragmatismo/programatismo tão pontuada no discurso da ex-senadora Marina Silva nunca se fez tão presente, inclusive no próprio quintal da aliada do governador Eduardo Campos (PSB).
Na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, fica cada dia mais evidente que um dos lados da "coligação programática" - e quase antagônica em certos aspectos- entre Rede Sustentabilidade e PSB sairá com os objetivos feridos. Se a sigla de Campos se alçar ao pleito ao lado de Alckmin, indicando como vice o deputado federal Márcio França (PSB), perde o lado de Marina, que terá seu programatismo ferido por uma decisão eleitoreira. Caso contrário, os socialistas ficam sem vice, mas mantêm estável a aliança com a Rede.
Outro exemplo, no mínimo curioso, foi publicado na coluna "Painel" da edição de hoje da Folha de São Paulo. Enquanto o prefeito Fernando Haddad ainda lamenta a decisão judicial que barrou o aumento do IPTU e viu o orçamento de São Paulo espremer, o PT de Fortaleza segue caminho inverso. O Partido dos Trabalhadores de lá aliou-se ao PR para tentar evitar que o imposto seja reajustado. Embora a posição de Haddad revele maior coerência ao cerne do ideário do Partido dos Trabalhadores, percebe-se que há muito já não existe unidade entre o que pensa o partido e quais são as demandas locais e nacionais que garantirão a reeleição no próximo pleito.
Mas, afinal, que força deve ser a matriz para as decisões políticas do País? Em artigo publicado no site Diário do Centro do Mundo, o autor faz crítica ao uso do termo "pragmático" como colocado por Marina, alegando que a ex-senadora "sequestrou e matou" a palavra. "Qual é, afinal, o grande problema em ser pragmático?" Questiona o texto. E retoma o argumento ao dizer que Marina não tem propostas para problemas "pragmáticos" como mobilidade e violência urbana.
Entre outros aspectos, é este o resultado do presidencialismo de coalizão que se instaurou no Brasil pós redemocratização: um repetitivo esforço em trocar o braço pela perna. E não é exclusividade do partido na presidência, mas de qualquer outro que quiser voz no cenário nacional. Quem, de fato, representa a oposição hoje no País? "¿Hay gobierno? Soy a favor", já declarava o título de uma reportagem da revista Época de novembro de 2011. Os repórteres responsáveis empreenderam uma pesquisa naquele ano com deputados estaduais e vereadores para mostrar que a adesão ao governo é a única posição ideológica consistente nos moldes brasileiros de se fazer política.
O problema não é mudar o pragmatismo. Deve-se, no mínimo, reconhecer que uma sociedade que só trabalha pela manutenção de um sistema que não é capaz de se reconstruir está longe de ser uma democracia como o nome diz que é.
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